A informação foi avançada à Rádio Nacional de Cabo Verde (RCV) pela presidente da Associação de Crianças Desfavorecidas (ACRIDES), Lourença Tavares, no final de uma semana de formação sobre este assunto para 30 profissionais de diversas áreas, que decorreu na cidade da Praia.

"Vai ser uma rede nacional para a proteção da criança, para trabalharmos, sobretudo, o abuso e a exploração sexual", disse Lourença Tavares, adiantando que, os representantes que participaram na formação irão criar em cada ilha um comité local para a prevenção e o combate ao abuso e exploração sexual.

O próximo passo é promover uma formação para capacitar os membros da rede sobre como trabalhar em conjunto, devendo a rede estar pronta a entrar em vigor a partir de janeiro de 2017.

A operacionalização da rede deverá arrancar com a realização de uma série de atividades junto das famílias sobre um tema que, segundo Lourença Tavares, ainda é tabu na sociedade cabo-verdiana

As denúncias por abuso sexual de menores no arquipélago aumentaram quatro vezes entre 2009 e 2014, segundo o Estudo Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes 2015-2018, elaborado pelo Instituto Cabo-Verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA).

Segundo o mesmo estudo, nos últimos três anos, foram registados uma média semanal de 3,5 atendimentos de casos de abuso sexual de crianças e adolescentes.

As vítimas são na sua maioria do sexo feminino (95 por cento dos casos atendidos no ICCA), menores de 12 anos (53 por cento) e procedentes de seis ilhas (54 por cento).

O estudo aponta a predominância de dois tipos de abuso sexual em Cabo Verde: intrafamiliar em que o agressor é habitualmente o pai, o padrasto, o tio ou um irmão e extra familiar em que o agressor é geralmente um vizinho ou amigo de família.

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