Datas principais relacionadas com o território de Cabinda:

01 de fevereiro de 1885 - Assinatura do Tratado de Simulambuco entre a coroa portuguesa e representantes dos povos cabindas, que serviu a estes para se acolherem sob a proteção de Portugal e a Lisboa para defender na Conferência de Berlim, que estava a decorrer na altura, os seus direitos sobre Cabinda, território que era reclamado pela França, Reino Unido e Bélgica.

1956 - Alteração do estatuto administrativo de Cabinda, com o regime colonial português a colocar Cabinda sob administração do governador da província de Angola.

1960 - Fundação do Movimento de Libertação do Enclave de Cabinda (MLEC).

1963 - Fundação do Comité de Ação da União Nacional dos Cabindas (CAUNC) e da Aliança do Maiombe (ALLIAMA).

02 a 04 de Agosto de 1963 - Realização do Congresso dos nacionalistas cabindas em Point Noire, atual República do Congo, que resultou na fusão do CAUNC e do ALLIAMA e consequente fundação da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC).

1964 - As Nações Unidas elaboram o mapa da descolonização em África, em que Angola surge registada com o código nº 35 e Cabinda com o código n.º 39.

16 de janeiro de 1975 - Assinatura do Acordo de Alvor, entre Portugal e os líderes dos três movimentos de libertação de Angola (MPLA, FNLA e UNITA), que conduziu à independência de Angola mas em que o futuro do enclave de Cabinda não foi considerado de outra forma que não fosse a integração no território angolano.

08 de novembro de 1975 - A apenas três dias da independência de Angola, a FLEC inicia as hostilidades para a autodeterminação do enclave;

Entre 1976 e 1991 - Recontros armados entre a FLEC e o exército governamental angolano. A independência de Cabinda é defendida desde a década de 70 por diversas organizações autonomistas, com a FLEC a ramificar-se em várias fações e a perder capacidade de intervenção política.

07 de junho de 1991 - A FLEC apelou a negociações com o governo angolano para a realização de um referendo sobre a autonomia de Cabinda.

08 de junho de 1992 - O Papa João Paulo II apelou em Cabinda para que "todos ajudem a resolver os problemas de Cabinda sem violência, mas com paz e dialogo, respeitando o Povo e os seus anseios, mas olhando também as necessidades do pais inteiro", na homília da missa realizada no território, no âmbito da visita pastoral a Angola.

29 e 30 de setembro de 1992 - Primeiras eleições legislativas e presidenciais em Angola, com a FLEC a reivindicar vitória na campanha que fez contra o registo eleitoral.

Dos cerca de 80 mil eleitores habilitados a registarem-se, apenas 16.079 o fizeram e pouco mais de 10 mil votaram.

17 de abril de 1999 - Apenas um mancebo se apresentou nos postos de mobilização criados na província de Cabinda, no âmbito do processo de incorporação nas Forças Armadas Angolanas (FAA), o primeiro desde 1991.

04 de dezembro de 2000 - O bispo de Cabinda, Paulino Madeca, defende direito à independência e considera que o petróleo "beneficia muito pouco" a população local, numa entrevista ao semanário angolano 'Agora'.

01 de agosto de 2006 - Assinatura no Namibe, sul de Angola, do Memorando de Entendimento para a Paz e Reconciliação na província de Cabinda, entre as autoridades de Luanda, representadas pelo então ministro da Administração do Território, Virgílio de Fontes Pereira, e pelo líder do Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD), António Bento Bembe, atual secretário de Estado dos Direitos Humanos.

10 de setembro de 2007 - António Bento Bembe foi nomeado para o cargo de ministro sem pasta, no âmbito da implementação do Memorando de Entendimento para a paz em Cabinda.

01 de agosto de 2008 - A FLEC assume a denominação de Frente de Libertação do Estado de Cabinda.

08 de janeiro de 2010 - Uma fação da FLEC, a FLEC-Posição Militar, protagoniza uma emboscada à escolta militar da comitiva da seleção de futebol do Togo, que ia participar na Taça de África das Nações em futebol, provocando três mortos e seis feridos.

08 de janeiro de 2010 - A FLEC condena o ataque e António Bento Bembe classifica-o como ato terrorista.

30 de dezembro de 2011 - A União Africana nomeou um relator especial para analisar as queixas dos independentistas de Cabinda contra o governo de Angola.

06 de abril de 2012 - Henriques Nzita Tiago, líder histórico da FLEC propõe às autoridades angolanas conversações para uma solução definitiva para o território.

01 de maio de 2013 - A direção política da FLEC anuncia que formalizará dentro de dois dias a desistência da luta armada e apela a negociações para alcançar um estatuto autonómico para o território. Ao mesmo tempo, apelou à guerrilha para que viabilize a iniciativa.

Em Luanda, o diário estatal Jornal de Angola saúda a iniciativa da FLEC, numa rara manifestação pública sobre o conflito no território, com destaque na primeira página e editorial na edição do dia 02 de maio.

EL

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