Ao intervir na cerimónia de inauguração da Unidade de Cuidados Continuados da Acredita, em Travassós de Baixo, no concelho de Viseu, referiu que as pensões atuais "são pagas com as contribuições daqueles que estão hoje a trabalhar".

Passos Coelho lembrou a sociedade de há 40 anos, em que havia "por cada aposentado cerca de quatro a cinco ativos a fazer descontos e contribuições para suportar essas pensões".

"E agora imaginem que não temos dois por cada pensionista e que dentro de 15 anos teremos um ativo por cada pensionista e pouco tempo depois teremos mais pensionistas do que ativos", acrescentou.

O governante questionou o que dirá um presidente de Câmara, primeiro-ministro ou ministro "daqui a 15 ou 20 anos àqueles que descontaram mais do que aqueles que hoje, recebendo pensões, descontaram no passado e que vão receber menos de metade das pensões daqueles que hoje acham que recebem pouco".

"Será uma grande irresponsabilidade. Vejam bem o quão pouco politicamente correto é o meu discurso antes de eleições", acrescentou.

Para o primeiro-ministro, a melhor maneira de resolver os problemas "é reconhecê-los e começar a atuar sobre eles".

"Se o pudermos fazer com um amplo consenso na sociedade portuguesa tanto melhor. Se o não tivermos, temos que fazer em qualquer caso, porque não podemos ficar com a responsabilidade de nada fazer, esperando apenas que os problemas possam vir a aparecer no futuro", considerou.

No seu entender, sempre que alguém o aborda questionando se "conseguia viver com uma pensão de 150, 200 ou 230 euros", isso é "o reflexo da irresponsabilidade do passado".

"Uma pessoa que tem hoje uma pensão mínima, se for uma pensão de velhice, tem essa pensão porque durante toda a sua vida o Estado não cuidou de realizar políticas que garantissem que no fim desse período essa pensão fosse adequada às necessidades", referiu.

Passos Coelho disse ainda ser essencial o combate à corrupção em áreas como a saúde, que envolvem "milhares de milhões de euros por ano".

Na sua opinião, "cada vez que alguém faz aldrabices, há corrupção nesta área e há gente que se porta mal, desviando fundos que são necessárias para a atividade das políticas públicas, menos o Estado tem condições para apoiar aqueles que precisam".

Durante a cerimónia, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, destacou que esta a obra hoje inaugurada vai marcar a cidade durante décadas.

"Vai de encontro às necessidades daquilo que sabemos que são os mais vulneráveis. Trata-se de algo que é significativo porque serve as pessoas e é um investimento de mais de 1,3 milhões de euros, dos quais são comparticipados pelo Estado 750 mil euros", revelou.

A Unidade de Cuidados Continuados da IPSS Acredita - Rio de Loba vai "servir umas centenas de doentes ao longo do ano" e vai criar "mais umas dezenas de postos de trabalho diferenciados para servir na área da saúde", acrescentou.

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