"Gostaríamos de poder contar com o acordo e a recetividade do CaixaBank para encetar este processo de diálogo", lê-se na carta enviada pela 'holding' angolana aos líderes do CaixaBank, do BPI e do BCP, hoje tornada pública através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Na missiva, Isabel dos Santos considerou que a Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada pelo CaixaBank ao BPI "não reflete corretamente o valor" do banco liderado por Fernando Ulrich, algo que motivou esta sua jogada de 'contra-ataque'.

Segundo a Santoro, é seu "dever a promoção junto das administrações do Banco BPI e Millennium BCP da análise de uma operação de fusão entre as duas entidades".

E realçou: "Tratar-se-ia de uma operação virtuosa, de criação de valor e que, cremos, serve da melhor maneira os interesses dos acionistas de ambas as instituições, dos seus funcionários e clientes, e por isso deverá ser devidamente ponderada e analisada pelos Conselhos de Administração de ambas as sociedades".

A 'holding' angolana assegurou que a sua participação próxima de 19% no capital do BPI não é meramente financeira, "mas reveste um caráter estratégico".

E é neste contexto "de comprometimento com o futuro da instituição que a Santoro tem mantido conversações com vários 'stakeholders' do Millennium BCP, incluindo acionistas de referência e, em termos ainda preliminares, com a própria equipa de gestão, sendo nossa convicção que existe abertura para se iniciar um processo de diálogo aprofundado pelas equipas de gestão direcionado à consolidação entre os dois bancos", sublinhou.

Isabel dos Santos diz que está ciente de "que esse é um caminho que implica a convergência e alinhamento de um conjunto significativo de vontades e interesses - e, em particular, a vontade e o interesse do CaixaBank", banco catalão que lançou em meados de fevereiro uma OPA sobre o capital do BPI.

A Santoro salientou que uma fusão entre o BPI e o BCP "conduziria à constituição de um banco privado com sede em Portugal com posições de referência em quatro geografias - Portugal, Angola, Moçambique e Polónia".

Mais, no entender da empresa angolana, o negócio "reforçaria a interligação e suporte ao desenvolvimento de relações empresariais e de negócio, quer ao nível dos mercados de língua oficial portuguesa, quer ao nível do mercado ibérico e europeu, beneficiando da singular capacidade de Portugal para, por via das relações privilegiadas com Angola e Moçambique, fazer estes países beneficiar do acesso facilitado ao mercado europeu e consolidar os fluxos de negócio europeus para esses dois países e seus parceiros no continente africano".

Segundo a Santoro, a operação também "levaria à constituição de uma instituição com um forte posicionamento em todos os setores bancários em Portugal, geraria um reforço de capacidades e de capital da entidade resultante, sendo possível perspetivar o reforço da capacidade de financiar o tecido empresarial".

E ainda reforçou: "Libertaria valor muito significativo através da captação de sinergias, quer no desenvolvimento de negócio, quer na otimização da capacidade instalada em Portugal, Angola e Moçambique, com minimização de custos sociais e económicos".

Isto, ao mesmo tempo que "garantiria uma instituição financeira gerida de forma profissional e independente e alicerçada numa estrutura acionista diversificada, sólida e alinhada".

DN // CSJ

Lusa/fim