Tóquio, 27 mar (Lusa) -- Os governos de Portugal e do Japão vão colaborar na área da segurança marítima e do combate à pirataria, anunciaram hoje os primeiros-ministros dos dois países numa declaração conjunta.

"Manifestámos uma posição muito convergente quanto à necessidade de intensificar, com base no direito marítimo internacional, a luta contra a pirataria", afirmou o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho.

Na declaração conjunta, que não incluiu respostas a perguntas por parte dos jornalistas, o chefe de Governo japonês, Shinzo Abe, foi quem começou por se referir a este aspeto de cooperação entre os dois países, ambos com "uma história comum como nações com vocação marítima, abençoados com um oceano".

"Nesse sentido, é muito significativo concordarmos hoje em fomentar a cooperação na área da segurança marítima, através de uma parceria no combate à pirataria, assim como a participação das autoridades japonesas, com o estatuto de observador, num exercício conjunto", declarou.

Não foram fornecidos mais detalhes acerca desta cooperação estabelecida, num dos momentos finais da visita de Pedro Passos Coelho ao Japão, que se iniciou na quinta-feira, e termina no sábado com um encontro do primeiro-ministro com a comunidade portuguesa a residir neste país.

O primeiro-ministro português manifestou "muita satisfação" pela participação do Governo japonês na "semana azul" dedicada à economia dos oceanos, que o Governo português organizará no próximo mês de junho.

"Procuraremos atrair para essa semana azul não apenas governos mas também organizações não-governamentais, empresas, investigadores, que nos possam ajudar a criar uma economia mais sustentada, quer para os oceanos, quer para as nossas populações", afirmou Passos Coelho.

"Há muitas empresas japonesas que têm um conhecimento muito avançado sobre o mar, que não deixaremos de cruzar com o conhecimento que vai sendo adquirido ao nível de estruturas portuguesas que nos permitirão fazer uma gestão mais ambiciosa não apenas dos recursos marítimos mas de toda a economia do mar", sustentou.

Passos Coelho aludiu também às "oportunidades que podem ser exploradas no âmbito das tecnologias da informação e do conhecimento, e de tudo o que envolve o chamado 'crescimento verde', que se traduz no melhor aproveitamento das renováveis mas também na utilização da eficiência energética".

Durante a visita e no encontro com Shinzo Abe, o primeiro-ministro português reafirmou a "posição do Governo português favorável à conclusão tão rápida quanto possível do novo acordo comercial entre a União Europeia e o Japão".

Aludindo aos mais de 470 anos de contacto entre os dois povos e aos mais de 150 anos de relações diplomáticas, Passos Coelho disse esperar que "os próximos 500 anos possam reservar a nações tão antigas como Portugal e o Japão um mar de oportunidades para explorar e devolver com base na confiança mútua e numa perspetiva de maior prosperidade e maior crescimento no futuro".

Também Shinzo Abe apontou para o futuro e para as comemorações dos 500 anos do relacionamento entre os dois países.

"Gostaria de estreitar as relações bilaterais, em todos as áreas - política, económica, cultural, do contacto entre os povos -, com base no resultado da visita do primeiro-ministro e visando os 500 anos da amizade luso nipónica a ser comemorados em 2034", declarou.

À chegada ao gabinete do primeiro-ministro japonês, Passos Coelho recebeu honras militares, numa parada que decorreu no interior do edifício, com uma banda militar a interpretar os hinos dos dois países.

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