"Quero saber de que cortes na despesa é que se orgulha, três dias antes de ter morrido uma pessoa sem assistência no Hospital de Santa Maria, a diretora das urgências disse que não tinha meios, nós temos pessoas a morrer nas urgências sem assistência", afirmou a líder bloquista, Catarina Martins, durante o debate quinzenal no parlamento.

No debate com o primeiro-ministro, a porta-voz do BE questionou as medidas do Governo "nos centros de saúde ou hospitais para evitar esta situação de calamidade".

"Andaram a cortar dizendo que não cortavam nas vidas e o resultado está à vista", criticou.

No início da resposta do primeiro-ministro, a deputada bloquista Mariana Mortágua pediu repetidamente a Passos Coelho que "seja sério", tendo este respondido com alguma irritação.

"Seja a senhora séria se fizer favor, e não faça demagogia barata com assuntos sérios, não faça que lhe fica mal", afirmou o chefe do Governo, depois de ter rejeitado que haja ligação entre as mortes nas urgências e a redução "do funcionamento da saúde".

Esta troca de palavras motivou uma advertência da presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, à bancada bloquista: "Há expressões dispensáveis no âmbito da liberdade de expressão do parlamento".

"Eu julgo que pedir ao senhor primeiro-ministro, como fez a deputada Mariana Mortágua, que seja sério nas suas afirmações é algo que só prestigia a Assembleia da República", ripostou por seu lado Catarina Martins.

Neste contexto, a dirigente do BE criticou Passos por não ter apresentado "uma única medida que o Governo tenha tomado para contrariar o descalabro na saúde", recebendo apupos da bancada do PSD.

"Eu compreendo a reação mas peço-lhes o favor de escutarmos a deputada Catarina Martins," afirmou a presidente do parlamento, em nova intervenção.

A porta-voz bloquista voltou a acusar Passos de não dizer "uma única medida", o que "prova o que o BE tem vindo a dizer": "Poupou-se despesa no SNS, mas não se pouparam vidas e isso não se pode desculpar a um Governo".

Pedro Passos Coelho acusou o BE de "fazer um comício e muita demagogia à volta de uma matéria muito sensível e que não se devia prestar a esse serviço" e sublinhou que o executivo, "nos últimos três anos, colocou mais dinheiro na saúde, mais médicos na saúde e mais meios do que qualquer outro".

O primeiro-ministro afirmou que este investimento se traduziu tanto em pessoal, como em equipamentos, e também para "cobrir os passivos que existiam para sanear os hospitais".

Sobre o agravamento nas urgências hospitalares, Passos pediu que não se "confunda o que se está a passar, se passa em Portugal" como "se tem passado noutros países" de "uma forma anormal, desafiando a capacidade instalada e a qualidade dos profissionais".

Neste contexto, o primeiro-ministro citou um "estudo sueco" que "mostra que Portugal ascendeu três posições relativamente ao ano anterior" e está "em 7.º ou 8.º lugar em termos europeus".

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