"A nova equipa económica, com Meirelles (Henrique Meirelles, ministro da Fazenda), e Ilan (Goldfajn, presidente do Banco Central), é composta por pessoas de mercado, que veem a realidade como ela é, que sabem tomar as medidas que eu entendo necessárias para a economia brasileira", disse Rodrigo Tellechea.

Para o também advogado e professor da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos, Rio Grande do Sul), essa equipa está longe de ser a ideal, "mas com o posicionamento que vem tomando, é o início da nova escalada do Brasil em direção à saída da crise".

O presidente do IEE fez estas declarações à Lusa à margem do encontro internacional "Democracy and its Enemies. News Threats, News Possibilities", que decorre até quarta-feira, no Estoril, arredores de Lisboa.

Para Tellechea, há um maior engajamento da sociedade civil em relação às decisões políticas e isso requer "uma reflexão e um papel maior da liberdade de opiniões e também, consequentemente, maior liberdade na economia".

"Nós precisamos discutir o tamanho do nosso Estado. Hoje, 40% do PIB é destinado ao Estado, seja por impostos diretos ou indiretos e, em contrapartida, a qualidade dos serviços prestados é ruim ou péssima", disse.

De acordo com o professor, a luta da sociedade brasileira é para que os empresários e os indivíduos em geral possam ficar e decidir eles próprios o que fazer com os seus recursos.

"Então, o Estado brasileiro está em discussão, sobre o seu tamanho e ineficiência", argumentou.

Rodrigo Tellechea criticou a política económica do Governo de Dilma Rousseff (afastada por 180 dias para o prosseguimento do seu processo de destituição no Congresso Nacional, sendo substituída pelo vice-Presidente Michel Temer), afirmando que houve uma série de medidas que levaram à expansão descontrolada do crédito, que gerou inflação e encaminhou o país para a crise que enfrenta hoje.

"A nova equipa económica (do Governo do Presidente interino Michel Temer) é alinhada com os valores da liberdade, menos intervenção estatal na economia. Não há controlo dos preços, não há aumento da moeda em circulação, medidas que trazem a inflação (...)", avaliou.

O professor universitário referiu que não vê discussões sérias e profundas sobre uma reforma política no Brasil, indicando que esse tema é recorrente no país.

"A classe política hoje não representa o cidadão. Penso que a reforma não passa necessariamente pela lei, mas sim pela representatividade ou poder de decisão dos eleitores, em ver aquele momento do voto como algo determinante para os próximos anos", declarou.

O presidente do IEE disse que a mudança política envolve os próprios políticos, e neste momento, "os políticos não têm capacidade de fazer uma mudança em prol do Brasil".

Rodrigo Tellechea disse que há novos partidos, apesar do número exagerado que já existe no país, como o Partido Novo e o Partido Social Liberal que "estão a vir com ideias libertárias no seu DNA".

"Eu penso que essas ideias tendem a oxigenar a discussão política, na medida em que trazem mais liberdade e menos Estado", referiu ainda o advogado.

O IEE, localizado em Porto Alegre, diz que tem como objetivo incentivar e preparar novas lideranças, com base nos conceitos de economia de mercado e livre iniciativa. Uma das principais atribuições do IEE é a formação de lideranças com capacidade empreendedora.

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