O DN vai fazer todo o projeto com "as pessoas que existem neste momento na redação, sendo que as contratações ainda não estão fechadas. As nossas últimas estatísticas diziam [que existiam] 55 pessoas, a essas pessoas juntam-se uma série de colaboradores que temos e que queremos continuar a ter", afirmou Catarina Carvalho.

Segundo a responsável, o novo projeto do Diário de Notícias, que vai arrancar a 1 de julho com uma edição diária digital e uma edição semanal em papel a sair ao domingo, além de várias revistas, irá fazer a transição "com as pessoas que já existiam no jornal de há dois anos para cá".

"Saíram algumas para outros projetos do grupo, entraram novas para estes projetos novos e estamos a trabalhar também com colaboradores à peça, que têm especialidades em diversas coisas, que é no fundo aquilo que precisamos, como por exemplo, desporto, saúde, educação, reportagem, e temos também o apoio de algumas áreas cá dentro do jornal", explicou.

As duas áreas que darão apoio ao novo DN, a que Catarina de Carvalho se refere, são dois projetos já previstos inicialmente e que foram criados nos últimos meses. "Um deles é o Plataforma, um projeto de informação ligado à Lusofonia, que tem como base parcerias com outros órgãos de comunicação social e também uma redação própria. O outro é o V, que é um projeto de vídeo que trabalha connosco na área do vídeo e com quem estamos a fazer quer programas, quer os vídeos normais do dia a dia do DN", adiantou.

Questionada sobre a possível dispensa de pessoas, Catarina garantiu: "Não vai haver redução de pessoas".

"Uma das vantagens de trabalhar num grupo grande como este e com tantas áreas e tanta necessidade de rever os seus recursos humanos é que muitas dessas pessoas podem transitar entre vários órgãos do grupo, que foi o que aconteceu até agora, mas também fazer a formação e transição para áreas ligeiramente diferentes", acrescentou.

Já sobre investimentos e receitas de banca e de publicidade esperadas no digital ou no papel, a diretora executiva do Diário de Notícias não quis falar, sublinhando que esses números cabem à administração da Global Media, dona do jornal, revelar. E relativamente a metas de leitores também não, afirmando apenas: "Nós queremos crescer, mas não estamos a pôr metas quantitativas nesse crescimento porque todas as que pusemos até agora foram goradas para cima, crescemos sempre muito mais".

Uma coisa garantiu, apesar de admitir que as audiências não estão muito disponíveis para pagar, é que parte dos conteúdos da edição diária digital será paga. "Quem quer ter informação importante terá de pagar por ela", afirmou, mas não para já. Na fase inicial do projeto 'on-line' os conteúdos serão gratuitos.

Defendeu que "quem quer ter informação importante terá de pagar por ela. As pessoas têm que perceber que se querem jornalismo bom, investigativo e (...) se querem que o jornalismo contribua para a democracia esse é um papel pelo qual têm de pagar, porque se não for assim não há quem pague. Não vão ser as fundações, que também têm os seus interesses, que pagam. Além de que, a forma mais democrática de ter informação que interessa aos leitores é serem eles a pagarem-na.

Esse foi o modelo do papel, recordou, "e por isso funcionou tantos anos (...). Depois da internet existir as pessoas esqueceram-se que isto era um negócio e que as pessoas tinham de ser pagas para fazer a informação. Por isso, o regresso ao pagamento pelos leitores é para mim, e do ponto de vista daquilo que é o estudo do jornalismo, a forma mais democrática de fazer jornalismo".

Os conteúdos que virão mais tarde a ser pagos, segundo a diretora executiva, serão conteúdos específicos do DN - manchete e três a quatro conteúdos importantes - alguns conteúdos multimédia, bem como "newsletters 'premium'" em áreas como a cultura e Lisboa.

Quando questionada se houve estudos de mercado que estiveram na base da decisão de levar por diante este novo projeto de ter uma edição diária 'online' do Diário de Notícias e outra semanal em papel, a diretora executiva respondeu: "Houve consultores a trabalhar connosco nessa decisão e houve estudos financeiros, não houve propriamente um estudo de mercado puro e duro. Até porque, na imprensa, os estudos de mercado são o nosso dia a dia", lembrando que os media têm outras ferramentas para avaliar bem o tipo de mercado que tem e o tipo de leitores.

Mas fez questão de referir que algumas das decisões sobre o novo projeto já estavam tomadas antes da chegada da atual direção do jornal, que foi convidada em abril último para o dirigir, e a da edição diária digital foi uma delas. "A decisão de deixar o papel no dia a dia e de ter uma edição eletrónica já estava tomada. Mas foi reajustada pela nova direção", afirmou.

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