"Não estamos ainda" em seca, mas "estamos perante um conjunto de indícios que faz antever que" esta situação "será, provavelmente, um problema incontornável", este ano, afirmou o ministro, em declarações à agência Lusa, em Estremoz, no distrito de Évora.

À margem de uma conferência na Feira Internacional de Agropecuária e Artesanato de Estremoz (FIAPE), Capoulas Santos reconheceu à Lusa que o cenário de seca "ameaça" zonas específicas do Alentejo, sobretudo no interior sul.

"De facto, é sobretudo na parte sul do Baixo Alentejo", no distrito de Beja, onde "não houve este ano, infelizmente, a pluviosidade necessária para recarregar os aquíferos", sendo que, "em alguns casos, os riachos não chegaram sequer a correr neste inverno".

E, em algumas localidades do Baixo Alentejo, indicou o ministro da Agricultura, Florestas e do Desenvolvimento Rural, "já é necessário carregar água para abeberar o gado".

"Estamos no final do mês de abril, portanto, não é difícil imaginar o que acontecerá quando chegarmos a junho, julho, agosto ou setembro", ou seja, os meses mais quentes e secos, disse, frisando que o ministério está "a acompanhar" a situação, que "causa preocupação".

Já antes, no encerramento da conferência sobre "O Futuro da Organização da Produção", que marcou o dia de hoje na FIAPE, o governante tinha abordado o problema da seca, aludindo a impressões que tinha acabado de trocar com o presidente da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP), João Machado, e o autarca de Estremoz, Luís Mourinha.

"Estamos todos a ficar muito preocupados com a perspetiva de uma situação grave de seca", para a qual, "no momento próprio, teremos que equacionar eventuais medidas", afiançou.

Luís Capoulas Santos revelou à Lusa que, "brevemente", vai reunir a comissão de seca que está instituída no ministério para fazer "uma avaliação correta da situação".

Questionado igualmente pela Lusa, o presidente da CAP disse que "a grande maioria do território nacional não tem problemas de falta de água e não está a sofrer com a seca", mas confirmou também que "há zonas do Alentejo que, neste momento, já estão numa situação difícil" a esse nível.

"O que se tem de verificar é se vai chover nos próximos tempos ou não. Se chover, a situação pode ser amenizada", mas, "se não chover, tem que se adotar medidas", defendeu.

João Machado realçou ainda que já tem vindo a abordar esta temática com o ministério: "É isso que temos vindo a falar", para que, "quando chegarmos à altura mais quente, no verão, haja medidas previstas, nomeadamente para abeberamento do gado ou para outras situações que os agricultores precisem".

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