Em declarações à agência Lusa, Jaime Marta Soares disse que a CTI "não ouviu os conselhos avisados de quem está no terreno", que são as corporações associadas da Liga.

"O relatório está aquém daquilo que se esperava. Os contributos dos bombeiros portugueses teriam sido importantes e nós tivemos razão antes do tempo", sublinhou.

Sublinhando que a Liga ficou "surpreendida com a pouca objetividade" do relatório, Jaime Marta Soares disse que a organização que lidera "já tinha conhecimento aprofundado" de algumas conclusões da comissão, por "ter estado no terreno" após o incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, em 17 de junho, e que causou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos.

A Comissão Técnica Independente nomeada para analisar os incêndios rurais de junho na região Centro, em particular o fogo que deflagrou em Pedrógão Grande, entregou na quinta-feira no parlamento o seu relatório final.

O documento, que analisa incêndios em 11 concelhos dos distritos de Leiria, Coimbra e Castelo Branco, ocorridos entre 17 e 24 de junho, refere que, apesar de o fogo de Pedrógão Grande ter tido origem em descargas elétricas na rede de distribuição, um alerta precoce poderia ter evitado a maioria das 64 mortes registadas.

Além disso, acrescenta, "não foram mobilizados totalmente os meios disponíveis" no combate inicial e houve falhas no comando dos bombeiros.

A GNR fica, por outro lado, ilibada de direcionar carros para a Estrada Nacional 236, onde morreram trinta pessoas.

O documento aponta falta de conhecimento técnico no sistema de defesa florestal e falta de preparação dos atuais sistemas de combate às chamas para as alterações climáticas, confirmando, por outro lado, falhas de comunicação do Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP).

O primeiro-ministro, António Costa, afirmou, na sequência da divulgação do relatório, que o Governo assumirá todas as responsabilidades políticas, se for caso disso.

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