O vencedor foi hoje anunciado, numa cerimónia realizada no Museu Coleção Berardo, em Lisboa, onde estão expostas as obras inéditas dos três finalistas, em que também se incluem Mónica de Miranda (Angola) e Pauliana Pimentel (Portugal).

Na fundamentação, o júri internacional destacou "o talento que se revelou através da singularidade estética" do trabalho de Félix Mula, e "a consciência do desconhecido, que necessariamente, recai no seu trabalho futuro".

Na instalação vencedora, intitulada "Idas e Voltas", Féliz Mula reúne fotografias, texto, documentos e sementes que registam a história de uma família chinesa - ligada à sua própria família -, que viveu em Moçambique e que, depois da independência, se mudou para Portugal.

Paralelamente, apresenta imagens de lugares que ficaram como testemunhos do passado de Moçambique, ruínas engolidas pela natureza, memórias de pessoas que ali vivem.

"Dedico este prémio ao meu pai, Albino Cuatine Mula, e a Lee Tat Kann", disse Féliz Mula, 37 anos, quando recebeu o prémio.

Em declarações aos jornalistas sobre a importância do prémio, sublinhou que aprendeu fotografia aos 13 anos, com o pai, Albino Quatine Mula que, por seu turno, tinha aprendido com o amigo chinês, dono da loja onde trabalhava.

"Este trabalho é uma busca de perguntas e respostas sobre quem sou eu, de onde venho, de onde vem o meu pai e a família Lee", disse, acrescentando que fez também uma pesquisa sobre lugares abandonados, e qual tinha sido o seu uso.

Nascido em Maputo, Félix Mula frequentou a Escola Nacional de Artes Visuais e o Centro de Documentação e Formação Fotográfica, em Maputo, antes de ingressar na Escola Superior de Artes da Ilha da Reunião.

O artista plástico é também professor, desde 2012, no Instituto Superior de Artes e Cultura, na capital de Moçambique.

O júri foi constituído por Élie Atangana, curadora e podutora, David Claerbout, artista, e Yves Chatap, curador, editor e fundador da plataforma Vusdafrique.

Os três artistas têm as obras em exposição desde 18 de maio, no Museu Berardo, onde ficarão até 02 de outubro.

O Prémio Novo Banco Photo, de 40 mil euros, é o galardão de valor mais elevado no campo das artes visuais, em Portugal.

É organizado pelo Museu Coleção Berardo, em parceria com o Novo Banco.

O prémio mantém a filosofia da seleção de artistas de nacionalidade portuguesa e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.

No ano passado, a artista portuguesa Ângela Ferreira foi a vencedora do prémio, com a exposição "A Tendency to Forget", sobre a temática do colonialismo.

Helena Almeida foi a vencedora da primeira edição, em 2004, José Luís Neto venceu em 2005, Daniel Blaufuks, em 2006, Miguel Soares, em 2007, Edgar Martins, em 2008, Filipa César, em 2009, Manuela Marques, em 2011, Mauro Pinto, em 2012, Pedro Motta, em 2013, e Letícia Ramos, em 2014.

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