Jerónimo de Sousa, que falava sexta-feira à noite num jantar/comício em Arzila, no distrito de Coimbra, frisou que "de ano para ano acentua-se o desequilíbrio na distribuição de rendimentos entre os portugueses e o nosso país está cada vez mais desigual e injusto".

"Passos Coelho, na sua propaganda do costume, dizia-nos diretamente, na Assembleia da República, que a austeridade e os cortes iriam atingir mais os ricos do que os pobres, mas este inquérito do INE (Instituto Nacional de Estatística) mostra que mentiu", disse o líder comunista.

Para Jerónimo de Sousa, a política "de exploração e empobrecimento" prosseguida pela coligação PSD/CDS "prejudicou os que menos podem e os que menos têm" e justificava a demissão do Governo.

"O relatório diz que, nos últimos quatro anos, entre 2010 e 2013, a taxa de pobreza agravou-se 45 por cento e cerca de 808 mil portugueses caíram na pobreza, enquanto nos últimos três anos, de 2011 a 2013, período que coincidiu quase na sua totalidade com a intervenção da 'troika', aumentou 30 por cento e cerca de 629 mil portugueses foram atirados para a pobreza", sublinhou.

Segundo os dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento do INE divulgados sexta-feira, 19,5 por cento das pessoas estavam em risco de pobreza em 2013 face aos 18,7 por cento do ano anterior, apesar de ter existido um aumento dos apoios sociais às situações de doença e incapacidade, família ou desemprego.

As estatísticas do INE assinalam ainda que, apesar de o aumento do risco de pobreza ter abrangido todos os grupos etários, foi maior nos casos dos menores de 18 anos, tendo passado de 24,4 por cento em 2012 para 25,6 por cento em 2013.

O fosso entre ricos e pobres voltou a acentuar-se, passando de 6,0 em 2012 para 6,2 em 2013. Os rendimentos dos 10 por cento da população com maiores recursos foi 11,1 vezes superior ao rendimento dos 10 por cento da população com menores recursos (10,7 em 2011 e 9,4 em 2010).

O inquérito do INE apresenta ainda dados provisórios relativos a 2014 sobre à situação de privação material, adiantando que nesse ano 25,7% dos residentes em Portugal viviam em privação material e 10,6% em situação de privação material severa, dados semelhantes aos registados no ano anterior.

AMV (CFF) // JPS

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