"A camélia é, por vezes, uma flor muito ingrata. Não podemos colher a flor dois ou três dias antes, caso contrário no dia da exposição ela está toda manchada", afirmou à agência Lusa o chefe do Parque Terra Nostra, Fernando Costa, que trata das plantas deste jardim botânico privado, na ilha de São Miguel, há 36 anos.

A XV Exposição de Camélias, evento organizado pela Câmara da Povoação em colaboração com o Terra Nostra Garden Hotel e Junta de Freguesia das Furnas, vai mostrar no edifício designado de Casino, no sábado e no domingo, mais de 200 variedades, num ambiente inspirado na própria flor.

Fernando Costa, responsável há vários anos pela decoração da exposição, confessou que, "por vezes, é preciso estar toda a noite, de pilha na mão, a procurar camélias [no parque] para no outro dia tê-las com boa apresentação".

"A flor pode durar apenas dois a três dias bonita, pois a humidade mancha-a", justificou Fernando Costa, referindo que a escolha das camélias "é feita consoante o tempo".

Segundo o jardineiro, "há camélias mais resistentes ao mau tempo e outras menos", mas quando chega o momento da exposição "há que escolher" entre as variedades disponíveis, pelo que a iniciativa é "uma pequena amostra" do que existe neste parque centenário.

Localizado no vale das Furnas, o Parque Terra Nostra contém uma das maiores coleções de camélias do mundo, tendo sido distinguido em 2014 com o prémio "Jardim de Camélias de Excelência", pela International Camellia Society.

O responsável do jardim assegurou ser possível observar camélias praticamente durante todo o ano, pois existem à volta de dez espécies, com mais de 700 variedades diferentes, das quais 650 estão já catalogadas.

"Espero chegar às mil variedades, mas isso o futuro a Deus pertence. Quando vim para o Parque Terra Nostra se calhar não tinha mais de 30/40 variedades", destacou Fernando Costa, frisando que "esta flor dá um colorido especial ao jardim durante o inverno".

Branco, rosa ou amarelo são algumas das cores das camélias deste jardim, mas muitas outras têm surgido nos últimos anos, devido às variedades híbridas que têm sido criadas, explicou o jardineiro, incapaz de eleger a preferida.

Fernando Costa, que já foi a várias exposições de camélias no continente português, assegurou que a realização de um evento desta natureza exige criatividade e "muito trabalho em pouco tempo", algo que faz com gosto, pois atrai anualmente muitos visitantes à freguesia e ajuda a divulgar mais a espécie.

Além das camélias, a exposição inclui, novamente, uma área para a mostra, degustação e comercialização de artigos e produtos regionais, e vai ter uma exposição de pintura, de Olga Pontes, e outra de fotografia, de Paula Moniz, ambas alusivas à temática desta flor.

RME // SR

Lusa/Fim