"O objetivo do banco é reduzir até 350 trabalhadores até ao final do primeiro semestre", disse à Lusa Rui Geraldes, porta-voz da Comissão Nacional de Trabalhadores do Novo Banco, no final do encontro com o presidente da instituição financeira, António Ramalho, sublinhando que esta medida consta do plano de reestruturação aprovado por Bruxelas em novembro de 2015.

"Na altura, o Governo acordou com Bruxelas um plano com metas relativas à redução dos custos operacionais, dos postos de trabalho e dos balcões. Nenhuma comissão de trabalhadores fica satisfeita com a redução de trabalhadores, mas foi algo imposto por Bruxelas e sempre defendemos que, face a esta imposição, devia haver um processo de rescisões voluntárias", salientou o responsável.

"É uma solução menos dolorosa do que o despedimento coletivo", acrescentou Rui Geraldes, elogiando a postura que a administração liderada por António Ramalho tem tido para com as estruturas representativas dos trabalhadores desde que tomou posse.

Apesar de o programa - que arranca na quarta-feira (22 de fevereiro) e termina a 10 de março - ser, como o nome indica, de rescisões voluntárias, o Novo Banco reservou-se o direito de ter a 'palavra final' sobre os candidatos, isto é, um trabalhador pode querer aderir e a administração pode impedi-lo de avançar com o processo.

"Compreendemos esta opção do banco, que assim se precavê para algumas situações que poderiam surgir. Imagine que todos os trabalhadores de uma agência específica queriam aderir ao programa, tal não podia ser aceite pelo banco", comentou Rui Geraldes.

Outra fonte ligada às negociações, contactada pela Lusa no final da reunião de António Ramalho com a comissão de trabalhadores e com os vários sindicatos bancários, que decorreram em separado, assinalou que esta é "a primeira vez que o Novo Banco adota um programa de rescisões voluntárias".

Segundo a mesma fonte, esta nova redução do pessoal estava definida desde novembro de 2015, quando a Direção-Geral da Concorrência (DG Comp) da Comissão Europeia impôs que, se o Novo Banco fosse vendido até ao final de 2016, teria que ter reduzido em 1.000 pessoas o número de trabalhadores, mas que caso a venda não fosse concretizada, teriam que sair um total de 1.500 trabalhadores até junho de 2017.

"A nível doméstico, o objetivo é que as aceitações [do programa de rescisões voluntárias] se situem entre as 100 e as 150 pessoas, e que a nova fase do programa de reformas antecipadas abranja entre 150 e 200 pessoas. Isto é, um mínimo de 250 e um máximo de 350 trabalhadores", sublinhou.

Desde novembro de 2015, saíram do Novo Banco 1.142 trabalhadores (excluindo as operações internacionais) e, levando em conta as vendas - ainda não concretizadas do NB Ásia e do Banque Espírito Santo et de la Vénétie (França) -, o total eleva-se para 1.327 pessoas.

Quanto aos balcões, o Novo Banco precisa de encerrar mais 70 agências para cumprir o objetivo de ter 550 balcões na atividade doméstica no final da primeira metade do ano.

A Lusa contactou fonte oficial do Novo Banco, que se escusou a fazer comentários sobre este tema.

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