Segundo as estatísticas do Comércio Internacional por Características das Empresas relativas a 2015 - hoje divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), já com alguns dados de 2016 -, foram os principais parceiros comerciais extracomunitários de Portugal que mais contribuíram para a evolução negativa das exportações até junho, em especial Angola, China e EUA, com quebras de 44,5%, 36,4% e 6,9%, respetivamente.

Assim, se no primeiro semestre de 2016 as exportações de bens diminuíram 1,4% face ao mesmo período de 2015, excluindo as transações para estes três países, teriam registado um aumento de 1,7%.

No caso de Angola, as exportações de bens diminuíram 477 milhões de euros até junho, mas, apesar desta redução, é ainda "claramente" notória "uma elevada exposição" das empresas portuguesas em relação a este mercado.

"Em 2015, 40,5% das empresas que exportaram bens para Angola apenas exportaram para esse país (peso de 26,5% no valor exportado) e 62,8% das empresas destinaram pelo menos 50% das suas exportações a esse mercado (71,4% no valor exportado) ".

Face a 2014, verifica-se uma redução do grau de exposição a Angola na ordem de 2,3 pontos percentuais (p.p.) em termos do número de empresas que exportaram exclusivamente para esse mercado e de 4,4 p.p. no número de empresas com uma concentração superior a 50%.

A este propósito, o INE recorda que "em 2015 o valor total das exportações para Angola já tinha registado uma redução significativa", de 1.078 milhões de euros, correspondente a uma queda anual de 33,9%.

De acordo com o INE, a elevada exposição ao mercado angolano (pelo menos 50% das exportações) "afeta principalmente empresas de reduzida dimensão", 65,0% das quais tinham em 2015 menos de 10 pessoas ao serviço.

Nesse ano, mais de um terço destas empresas (36,9%) tinha como atividade principal o comércio por grosso de bens de consumo (exceto alimentares, bebidas e tabaco) e de outras máquinas e equipamentos.

No que diz respeito às exportações portuguesas para a China, recuaram 166 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, correspondendo a uma descida 36,4%.

Em 2015, 2,3% do valor das exportações para este mercado foi assegurado por empresas que tinham a China como único destino de exportação, correspondendo a 8,6% das empresas.

As unidades com pelo menos metade das suas exportações totais para a China correspondiam a 16,4% do número de empresas com exportações para este país, responsáveis por 56,6% do valor exportado (-17,2 p.p. face a 2014).

As empresas com pelo menos 50% das suas exportações para o mercado chinês eram maioritariamente de pequena dimensão (62,9% empregavam até nove pessoas ao serviço em 2015) e estavam sobretudo integradas na atividade do comércio por grosso de produtos alimentares, bebidas e tabaco e de combustíveis, metais, materiais de construção, ferragens e outros produtos, seguidas das relacionadas com a extração de pedra, areia e argila e a indústria das bebidas.

Quanto às exportações para os EUA, que até junho recuaram 87 milhões de euros (-6,9%), verifica-se que as empresas com pelo menos 50% das suas exportações para este parceiro correspondiam a 23,1% do total de empresas, tendo atingido um peso de 18,5% no valor exportado.

A maioria destas empresas (52,3%) tinha menos de 10 pessoas ao serviço, sendo sobretudo empresas com atividade principal no comércio por grosso de bens de consumo, exceto alimentares, bebidas e tabaco (grupo 464), e de produtos alimentares, bebidas e tabaco.

De acordo com o INE, as empresas exportadoras de bens exclusivamente para os EUA representavam 13,9% em número, tendo sido responsáveis por 4,8% do valor exportado para este país em 2015.

PD // CSJ

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