"Não temos nada a perder por ser uma ajuda interessada e interesseira", respondeu Carlos Lopes quando questionado, em entrevista à Lusa, sobre a postura de África face ao interesse e investimentos chineses no continente.

"Temos de tratar a China como um parceiro que tem de ter um tratamento igual aos outros", disse o secretário executivo da UNECA, acrescentando que "África precisa de ter uma estratégia para a China, não pode ser só a estratégia dos chineses para a África".

O continente, disse, "tem de se posicionar para tirar partido dos que chegam às suas praias com intenções de investimento, para poder fazer com que o investimento seja estratégico".

O interesse chinês em África tem sido uma constante nas páginas dos jornais internacionais, com a China a representar cerca de metade das vendas de petróleo de Angola ao exterior e com Angola a ser responsável pela produção de 15% do petróleo usado naquele país asiático, segundo os dados apresentados pela Sonangol no início deste ano.

Do ponto de vista africano, a "apetência da China e de outras economias mais avançadas do mundo em desenvolvimento por África, porque permite passar parte da produção industrial de baixo valor acrescentado para um sítio onde o custo do trabalho é ainda mais baixo", é uma das vantagens competitivas do continente no desenvolvimento económico, diz Carlos Lopes.

Para o secretário executivo da UNECA, o crescimento de África "tem atraído muito interesse por parte dos investidores estrangeiros", transformando o continente "num destino procurado que em 2015 vai ter 64 mil milhões de dólares de Investimento Direto Estrangeiro, um montante igual ao da China e este ritmo está-se acelerando".

MBA // PJA

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