Miguel Pinho, da empresa Portmark, que se associou a José Oliveira, da Think Tank Angola, para a organização do evento, além dos principais produtores de vinhos portugueses, destacou a "forte presença de Espanha, Chile, África do Sul, França e outros países que veem o mercado angolano como apetecível e que liberta espaço para vinhos dessas origens".

Como explicou Miguel Pinho, o projeto Angola Wine Festival tem dois anos e começou por reuniões com importadores, hotéis e restaurantes para se perceber o gosto do mercado.

"Sentimos que o consumidor angolano começa a ser mais exigente, a sentir a necessidade de ter um 'portfolio' mais alargado de vinhos disponíveis. E isso claramente está a criar espaço para vinhos, neste caso, espanhóis", considerou.

A necessidade de apostar mais na promoção dos produtos portugueses foi também defendida pelo 'chef' Vítor Sobral, convidado para fazer criações gastronómicas, acompanhadas por vinhos selecionados.

Com um histórico de cerca de dois anos num espaço de restauração na ilha de Luanda, Vítor Sobral vai regressar a Angola em março de 2014 para abrir mais dois espaços, que reproduzirão, numa escala maior, os projetos gastronómicos que mantém em Lisboa e São Paulo, Brasil.

Os países de língua portuguesa são "uma excelente alavanca" para os produtos portugueses, nota Vítor Sobral, lamentando, todavia, a falta de aproveitamento das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo.

"Andamos com uma grande necessidade de exportar e há determinados mercados que era possível trabalhar de uma forma diferente daquilo que é trabalhado", defendeu.

Vítor Sobral lamenta, sobretudo, não haver "uma atitude concertada de promover Portugal e de estudarmos quem anda nos mercados para podermos potenciar mais os negócios. Depende da diplomacia e dos organismos que nos temos para fazer promoção".

Participaram nesta primeira edição do Angola Wine Festival mais de 100 expositores internacionais, mais de 70 produtores distintos, que propuseram mais de 300 marcas de vinhos em prova.

Paralelamente ao evento, decorreram provas comentadas, com escanções convidados, sessões gastronómicas e jantares vínicos.

O mercado angolano representa atualmente mais de 40 por cento dos vinhos portugueses exportados, quota que vale 78 milhões de euros, disse em julho à Lusa em Luanda Filipa Anunciação, gestora da Vinhos de Portugal em Angola.

"Angola compra mais de 40 por cento do vinho exportado, que corresponde a 680 mil hectolitros em 2012 e a 78 milhões de euros em termos de valor", salientou Filipa Anunciação.

A gestora acrescentou que a importância do mercado angolano é crescente, tendo 2012 fechado com aumento de 16,8 por cento em valor e 9 por cento em volume.

O objetivo é crescer 19 por cento em valor até 2014.

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