"Acho que será possível. Cada setor, agora, tem uma estratégia nacional para os alcançar", afirmou o representante da agência das Nações Unidas para a defesa dos direitos das crianças.

Para a promoção plena dos direitos das crianças, prosseguiu, é fundamental que o país, com a ajuda dos parceiros internacionais, crie mais oportunidades e capacidades a diferentes níveis, do patamar nacional ao distrital e nas comunidades.

"Com o orçamento estatal acho que será possível, mas é uma questão de implementar [políticas] e olhar para a eficiência como os recursos são gastos", acrescentou.

A título de exemplo, Marcoluigi Corsi apontou a mortalidade infantil como um dos grandes desafios do país, por ser extremamente alta e exigir maior mobilização de recursos.

"O acesso à água e saneamento é também um dos fatores básicos para baixar a mortalidade infantil. Há que criar oportunidades de acesso universal à água", acrescentou.

Reconhecendo que os recursos nunca serão suficientes, Marcoluigi defendeu mais investimentos na saúde, educação, água e saneamento como essenciais para a promoção dos direitos das crianças.

A proteção das crianças de todo o tipo de violência, prosseguiu, também é um passo importante para a dignidade deste segmento da população.

"Temos que estar juntos [Governo e comunidade internacional], porque os parceiros, embora possam contribuir com dinheiro, não vão lograr resultados para todas as crianças. Seguramente, recursos públicos, privados e de doadores são mínimos se comparados com todos os desafios que as crianças enfrentam no país", considerou o representante.

Segundo dados oficiais, em Moçambique, cerca de 100 crianças em cada mil morrem com menos de cinco anos e mais de 60 recém-nascidos morrem em cada mil.

A desnutrição crónica mantém-se entre os níveis mais elevados no mundo, afetando mais de 40% das crianças menores de cinco anos.

Cerca de metade das crianças que iniciam o ensino primário não o completam e metade das raparigas casam antes dos 18 anos.

Os objetivos de desenvolvimento sustentável, aprovados em 2015 pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, elencam 17 metas que devem ser alcançadas até 2030.

As metas incluem erradicar a pobreza em todas as suas formas e em todos os lugares; acabar com a fome, insegurança alimentar e garantir melhorias na nutrição; promover a agricultura sustentável; assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.

Os objetivos incluem ainda permitir o acesso à educação inclusiva, equitativa e de qualidade; promover oportunidades de aprendizagem ao longo de toda a vida; alcançar a igualdade de género e promover as capacidades de todas as mulheres e meninas.

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