A informação foi transmitida hoje à agência Lusa por Fernando Romão, da comissão sindical da Prodel, afirmando que este é "um assunto sério", enquanto o patronato disse não haver motivos para a greve enquanto decorrem negociações.

"Cortaram-nos vários subsídios, o 13.º mês, o cabaz de natal, assistência médica e medicamentosa, discrepâncias salariais. Se a direção não repuser os direitos dos trabalhadores em tempo útil podemos paralisar com os trabalhos a partir de 15 de junho. É um assunto muito sério e deve ser visto com bastante atenção por parte do patronato", disse.

A barragem de Cambambe foi alvo de trabalhos de alteamento e reforço de potência, sendo atualmente o maior centro produtor de eletricidade em Angola, com uma potência instalada de 960 MegaWatts (MW).

Em declarações à Lusa, o presidente do conselho de administração da Prodel, José António Neto, admitiu haver assuntos constantes do caderno reivindicativo dos funcionários "passíveis dessas reclamações", mas sublinhou que a greve anunciada não se justifica porque decorrem as negociações com o sindicato.

"Continuamos dentro de um prazo que foi acordado que são de 45 dias e a comissão Sindical de Cambambe está à espera que apresentemos o estudo que estamos a fazer a nível dos recursos humanos e de outras áreas da empresa. Nós admitimos que há alguns aspetos que sejam passíveis dessas reclamações, estamos aqui para corrigir e é isto que estamos a fazer", sustentou.

Há dois meses no cargo, José António Neto fez saber que alguns pontos constantes do caderno reivindicativo, como o pagamento regular dos salários, começaram já a ser resolvidos e outros, sem ser mais preciso, foram apenas resolvidos parcialmente.

"Internamente estamos a realizar um estudo para apurar aquilo que deve ser corrigido e voltarmos a fazer uma reunião em que iríamos colocar os elementos do estudo e do contexto financeiro que a empresa tem, para depois tomarmos uma decisão colegial. Estamos a trabalhar neste sentido, estamos em diálogo permanente e penso que não há motivos para greve", observou.

O presidente do conselho de administração da Prodel nega qualquer ultimato dos trabalhadores, argumentando que a negociação decorre dentro dos prazos acordados.

"Não é um ultimato, mas sim um acordo. Tivemos a última reunião na segunda quinzena do mês passado e está dentro do acordo, pelo que não há aqui qualquer ultimato", reforçou.

De acordo com José António Neto, a empresa pública angolana de produção de eletricidade conta a nível nacional com 2.500 trabalhadores, dos quais cerca de 100 estão colocados no aproveitamento hidroelétrico de Cambambe, no rio Kwanza.

DYAS // VM

Lusa/Fim