"Eu estou sofrendo uma retaliação política pelo processo de 'impeachment' (destituição)", disse Eduardo Cunha, numa reação à decisão do STF de o afastar da presidência da câmara baixa do Brasil.

Cunha frisou que cumpriu apenas sua função ao acelerar a tramitação, na Câmara dos Deputados, do processo contra a presidente.

"Era óbvio que isto iria acontecer porque aceitei e conduzi o processo de 'impeachment' (destituição). Sabia que iria ter uma reação e uma tentativa de me trazer para o banco dos réus na companhia dos membros do Partido dos Trabalhadores (PT)", acusou.

Inimigo declarado do Governo, Cunha ironizou com uma declaração da chefe de gabinete de Dilma Rousseff, que disse hoje, durante um evento na hidrelétrica de Belo Monte, que o afastamento dele foi uma decisão positiva, embora tardia.

"Na próxima quarta-feira [quando a denúncia contra Dilma Rousseff será votada no Senado] poderemos dizer 'antes tarde do que nunca' porque o Brasil vai-se livrar do PT", declarou.

Questionado sobre a possibilidade de renunciar, Cunha afirmou que não renunciará nem ao mandato de deputado nem à presidência da Câmara.

Os onze juízes do STF aprovaram hoje, por unanimidade, a suspensão do mandato de Cunha, secundando uma acusação enviada pela Procuradoria-Geral da União (PGR), que afirmava que ele usava seu cargo para obter vantagens em benefício próprio.

O parlamentar foi afastado dos cargos de deputado federal e presidente da Câmara, mas, segundo as leis brasileiras, o seu mandato só pode ser cassado pelo plenário da câmara baixa, após a tramitação de um processo no conselho de ética.

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