"Parece que a comunidade internacional espera que haja crises para se manifestar sobre o terreno, o que não é normal", afirmou o diretor da Organização da Saúde da África Ocidental, Xavier Crespin.

"Não é preciso esperar pelas crises nem pelas urgências. É preciso ir ao essencial, que é reforçar os sistemas de saúde, que são muito frágeis em determinados países devido à falta de financiamento e de pessoal e ao insuficiente envolvimento das comunidades locais na tomada de decisões", acrescentou numa entrevista à Efe o médico nigeriano Xaxier Crespin, que dirige o organismo que coordena os ministérios da saúde de uma das regiões mais pobres do mundo.

Na África Ocidental houve mais de 1.700 focos epidémicos nos últimos 40 anos, dos quais o último e um dos mais graves foi o do vírus do Ébola.

Além de ter dizimado os precários sistemas de saúde da Guiné, Libéria e Serra Leoa, o vírus do Ébola provocou mais de 11.000 mortos.

"A crise do Ébola demonstra a debilidade dos nossos sistemas de saúde. Para se mostrar que se é filantropo a sério é necessário ir ajudar agora, sem crise, para construir um sistema de saúde sólido, resistente aos choques epidémicos que existem na nossa região", defendeu Xavier Crespin.

Crespion disse ainda que durante a crise do Ébola "chegaram milhares de pessoas para ajudar e milhares de milhões de dólares, mas uma vez terminada a epidemia os hospitais de campanha foram desmontados e os nossos hospitais ficaram dizimados, sem pessoal e, de novo, sem capacidade de resposta".

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