Segundo dados do banco central angolano compilados hoje pela agência Lusa, depois de quedas consecutivas este ano, estas reservas, necessárias para garantir nomeadamente as importações nacionais de matéria-prima ou de alimentos, até aumentaram ligeiramente entre abril e maio.

Contudo, em junho confirmou-se o regresso à trajetória de descida, para 24.928 milhões de dólares (22,4 milhões de euros), que coincidiu então com um aumento substancial da injeção de divisas (dólares) nos bancos comerciais por parte do Banco Nacional de Angola (BNA), para minimizar a crise cambial que se regista no país desde o final de 2014.

Em maio, estas reservas ascendiam a 25.600 milhões de dólares (23 mil milhões de euros).

No final de 2014, as RIL fixaram-se em 27,478 mil milhões de dólares (22 mil milhões de euros) - suficiente para garantir à volta de seis meses das necessidades de importações por Angola - o que se traduz numa quebra de 12% no acumulado dos primeiros sete meses deste ano.

Na revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2015, aprovado em março e que surge face à forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo, o executivo angolano já prevê uma descida dessas reservas para cinco meses de importações.

As reservas contabilizadas pelo BNA são constituídas com base em disponibilidades e aplicações sobre não residentes, bem como obrigações de curto prazo.

Incluem-se ainda as reservas angolanas de ouro, que em julho desceram para 81.717 milhões de kwanzas (586 milhões de euros).

Devido à crise da cotação do crude, que fez as receitas fiscais petrolíferas de Angola caírem para cerca de metade nos últimos meses, e, por consequência, a entrada de divisas (dólares) no país, o Governo prevê uma redução de 28,4% nas mesmas reservas em 2015.

"Na eventualidade de a situação de crise perdurar durante todo o ano, a perda de RIL poderá elevar-se a -8.005,39 milhões de dólares [7,2 mil milhões de euros], posicionado o 'stock' de RIL em 19.277,18 milhões de dólares [17,3 mil milhões de euros]", lê-se no documento que sustenta o novo OGE de 2015.

Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, atividade que representa cerca de 98% do total das exportações do país.

O setor garantiu em 2013, segundo o Ministério das Finanças, 76% das receitas fiscais angolanas, mas o seu peso deverá descer este ano para 36,5% devido à forte redução da cotação do crude no mercado internacional.

Na crise petrolífera de 2009, as RIL angolanas reduziram-se até aos 13 mil milhões de dólares (11,7 mil milhões de euros), o que obrigou o Governo angolano a pedir um empréstimo ao Fundo Monetário Internacional no valor de 1.375 milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros).

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