O monarca falava num discurso transmitido pela televisão por ocasião do 17.º aniversário do seu reinado em que abordou várias questões, incluindo o controverso dossiê do Saara Ocidental.

"A decisão de Marrocos de reintegrar a sua família institucional africana não significa de forma alguma a renúncia do reino dos seus direitos legítimos e o reconhecimento de uma entidade fictícia desprovida dos atributos mais elementares de soberania", disse Mohamed VI numa referência ao Saara Ocidental, território disputado por Rabat e pelos independentistas da Frente Polisário.

O reino de Marrocos, que considera esta ex-colónia espanhola anexada em 1975 como parte do seu território, propõe uma ampla autonomia para o território mas sob a sua soberania.

A Frente Polisário, apoiada pela Argélia, reclama um referendo de autodeterminação.

Em meados deste mês, Marrocos manifestou vontade de reintegrar a UA, organização que tinha abandonado em 1984 em protesto contra a admissão da República Árabe Saharaui Democrática (RASD) proclamada pela Frente Polisário.

No mesmo discurso, o monarca sublinhou que Marrocos conseguiu em 2016 manter uma postura firme na preservação da sua integridade territorial, numa referência a uma recente fricção com a ONU e o secretário-geral daquela organização Ban Ki-moon.

Em março passado, durante uma visita a um campo de refugiados saharauis na Argélia, Ban Ki-moon falou sobre a "ocupação" do Saara Ocidental.

Em retaliação, as autoridades marroquinas expulsaram a maioria dos membros civis da missão da ONU no Saara Ocidental (MINURSO).

A MINURSO foi criada em 1991 para liderar um processo que deveria levar à convocação de um referendo sobre a independência do território do Saara Ocidental ou a sua integração no reino de Marrocos.

Rabat aceitou recentemente o regresso de um terço dos membros expulsos, mas o Conselho de Segurança da ONU apelou, na passada terça-feira, ao regresso progressivo de todos os seus peritos, lamentando que a missão "não tenha ainda atingido a plena capacidade para funcionar".

Em finais de abril, o Conselho de Segurança da ONU aprovou o prolongamento do mandato da missão no Saara Ocidental por mais um ano.

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