Numa entrevista à rádio espanhola COPE, Rajoy, que ganhou as eleições legislativas espanholas sem maioria absoluta, afirmou esta manhã que prefere uma "grande coligação" mas não descarta "absolutamente nada", nem um pacto com os Cidadãos, ou partidos regionais como o PNV e Coalición Canaria, o que lhe permitiria estar a um deputado da maioria absoluta.

"Em questões fundamentais precisamos do PSOE", alertou o presidente do governo de gestão.

Rajoy mostrou-se disponível para falar com todos os partidos, começando pelos socialistas, e vai insistiu numa "fórmula de governo" para garantir, por exemplo, a aprovação do orçamento do Estado para o próximo ano, outras leis importantes pendentes e cumprir os compromissos e desafios europeus, como a saída do Reino Unido da União Europeia.

"Mas isto requer um mínimo de entendimento em quatro ou cinco questões e vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para obtê-lo. Vou falar com todas as forças políticas, e em primeiro lugar com o PSOE", insistiu.

Mariano Rajoy revelou não ter ainda falado com Pedro Sanchez (líder do PSOE) sobre a possibilidade de formarem uma grande coligação, tendo apenas chegado a acordo para realizar um encontro, durante a conversa telefónica em que o líder socialista, na noite de domingo, lhe fez para felicitar sobre a vitória do PP.

Rajoy comentou ter recebido mensagens eletrónicas de felicitação também do secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, e do presidente do Ciudadanos, Albert Rivera.

O líder do PP recordou que em 19 de julho será investido o Parlamento da XII legislatura e considerou que até essa altura teria de haver "um acordo mínimo" que facilite a tarefa ao rei Filipe II, que irá consultar os diversos partidos antes de propor um candidato à presidência do governo espanhol.

Para o presidente do governo de gestão, o povo espanhol "acertou" ao ter votado como primeira e segunda força política nas eleições de domingo os grandes partidos responsáveis pelo desenvolvimento de Espanha nos últimos 40 anos, o PP e o PSOE.

"Dizer que esses partido estavam mortos não me parece ser o mais razoável", disse Rajoy.

Sobre a aliança de esquerda Unidos Podemos, considerou que os espanhóis tiveram desta vez mais elementos para conhecer esta coligação e, por exemplo devido à sua gestão em algumas autarquias, dar-se conta de que "uma coisa é pregar e outra distribuir o trigo".

Segundo ele, até nisso os espanhóis teriam acertado, porque está convencido de que as receitas do Podemos não servem para a Europa atual.

O Partido Popular, de Mariano Rajoy, foi o mais votado nas eleições de domingo, com 137 deputados, mais 14 que nas legislativas de dezembro, mas longe dos 176 mandatos que dão a maioria absoluta no congresso espanhol.

No discurso de vitória, Mariano Rajoy reclamou o "direito a governar".

O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de Pedro Sanchez, ficou em segundo lugar, com 85 lugares, enquanto a aliança de esquerda Unidos Podemos, que as sondagens colocavam em segundo lugar, ficou em terceiro e elegeu 71 deputados, enquanto o partido de centro-direita Ciudadanos conseguiu 32 assentos.

Apenas uma coligação do PP com o PSOE conseguirá reunir os lugares suficientes para que Espanha possa ter um governo de maioria, na sequência das eleições de domingo.

Tal como nas eleições de 20 de dezembro de 2015, os partidos estão obrigados a fazer acordos para conseguir avançar para a investidura de um presidente do Governo e, à exceção de um hipotético acordo PP-PSOE, são necessárias pelo menos três forças políticas para tal.

FPB// APN

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