A afluência foi muito menor do que no ano passado quando, também de acordo com a polícia, cerca de 1.800 pessoas se manifestaram.

Hoje, várias associações de operários saíram à rua mas não reuniram, cada uma, mais do que algumas dezenas de apoiantes. Foi o caso da Associação de Força dos Operários de Macau, que reivindicou a continuação do programa que distribui cheques anuais à população e a construção de mais habitação social.

A marcha mais dinâmica e das que atraiu mais gente nada teve que ver com questões laborais: os grupos Novo Macau, Juventude Dinâmica e A nossa terra, o nosso plano reuniram cerca de uma centena de pessoas que pediam maior proteção de Coloane, o 'pulmão' de Macau, e um travão à construção.

"[Queremos] justiça no uso dos terrenos. Tem de haver um equilíbrio entre o valor económico, o valor humano e o valor natural. Frequentemente o Governo enfatiza apenas o primeiro, em detrimento dos outros dois. A colina de Coloane representa bem essa inclinação. Não queremos deixar que o projeto residencial de altura elevada avance", disse Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau, referindo-se a um projeto de luxo com 100 metros de altura projetado para a zona.

A liderar a manifestação seguia um dinossauro insuflável, simbólico do poder destrutivo dos promotores imobiliários, seguido de uma maca onde era transportada a colina de Coloane, com seringas espetadas.

"A hegemonia dos promotores monopoliza todos os aspetos da nossa vida, as pessoas não podem viver sem terrenos, sem espaço. [A representação] é um símbolo da colina de Coloane, que está a morrer, precisa de uma transfusão de sangue, precisa de cuidados, precisa que a protejamos", explicou.

A acompanhar esta manifestação esteve Lin, de 32 anos, juntamente com a filha de três: "Adoro fazer caminhadas em Coloane. Estou a protestar para proteger as montanhas. Há cada vez mais edifícios em Coloane e um edifício de mais de 100 metros estava a ser planeado, estou preocupada com isto", disse.

Sam, 22 anos, sublinha que nasceu na cidade e lamenta que Coloane seja a "última área verde de Macau".

Em Macau e na Taipa está tudo construído, são só prédios altos. Queremos proteger Coloane", reclamou.

Também com adesão considerável, perto das 100 pessoas, esteve a Associação Reunião Familiar de Macau, formada quase exclusivamente por mulheres idosas que pedem o direito a terem consigo os filhos que deixaram na China continental, e uma manifestação que incluiu três associações de trabalhadores do setor do jogo, Forefront of Macau Gaming, Love Macau Association e Nova Associação dos Direitos de Trabalhadores da Indústria de Jogos.

Cloe Chao, presidente da Love Macau, revelou as principais reivindicações: "Queremos que toda a área de jogo seja para não fumadores, queremos aumentos salariais para os trabalhadores e alargar o seguro [de trabalho] para incluir o percurso entre a casa e o trabalho".

Atualmente, só é possível fumar em salas fechadas, com sistema de pressão negativa e de ventilação independente, sendo proibido fumar nas zonas de jogo de massas dos casinos e permitido apenas em algumas áreas das zonas de jogo VIP.

Cloe Chao explica que, ao contrário do que é habitual, apenas uma operadora de jogo, a Sands, aumentou este ano os salários. Além disso, os trabalhadores queixam-se de vários cortes em pequenas regalias, como a redução das refeições gratuitas no local de trabalho a uma por dia (antes era ilimitado) e a redução do orçamento para eventos como festas de Natal e atividades.

Durante a manhã, a Federação de Motoristas de Táxi Profissional realizou uma marcha lenta com 141 táxis, para a qual foram destacados 30 agentes.

Em comunicado, os Serviços para os Assuntos Laborais comprometeram-se, entre outras coisas, a "proteger a prioridade de emprego dos residentes, executando eficazmente o mecanismo de saída dos trabalhadores não residentes".

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Lusa/fim