O regresso da vida a Naraha foi oficialmente assinalado à meia-noite, depois de uma vigília de velas ter ocupado um parque da cidade, segundo informações comunicadas pela autarquia através da sua página de Internet.

Os antigos habitantes (2.694 lares, 7.368 pessoas) tinham até à data o direito de voltar à cidade para preparar o respetivo regresso, mas só a partir de hoje se podem reinstalar totalmente.

Segundo a imprensa japonesa, apenas pouco mais de 10% se terão inscrito para regressar.

As autoridades estimam que o nível de exposição à radioatividade em Naraha, cidade localizada a cerca de 20 quilómetros da central de Fukushima Daiichi, tenha regressado a valores abaixo de 20 millisieverts por ano.

Este nível permite, em teoria, segundo o governo japonês e organismos internacionais, condições para os habitantes lá viverem, ainda que a descontaminação não esteja concluída.

Organizações ecologistas contestam estas conclusões. "O nível de contaminação é variável dentro desta localidade e consoante as casas, o que pode criar tensões entre pessoas", disse recentemente à AFP, Jan Vande Putte, da Greenpeace.

Cerca de 7.000 pessoas trabalham diariamente nos complicados trabalhos de desmantelamento da central e controlo dos resíduos radioativos.

O sismo de magnitude 9 na escala de Richter e consequente tsunami, que devastaram o nordeste do Japão a 11 de março de 2011, deixaram mais de 18 mil mortos e desaparecidos, e causaram na central de Fukushima Daiichi o pior acidente nuclear desde Chernobil (Ucrânia) em 1986.

O primeiro reator nuclear foi reativado no Japão a 11 de agosto, mais de quatro anos depois do acidente na central de Fukushima, que suspendeu a atividade em todas as centrais do país desde setembro de 2013.

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