"Pedimos aos nossos irmãos que estão no mato para se juntarem a nós na edificação do país. As Forças Armadas de Defesa de Moçambique são de todos", afirmou Filipe Nyusi, citado pela Agência de Informação de Moçambique, durante a presidência aberta que hoje termina na província da Zambézia, centro do país, defendendo que "uma pessoa com 60 ou 70 anos não pode continuar no exército, tem de ir para a reserva".
Apesar de não se dirigir diretamente à Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), o Presidente referiu-se, num comício em Nauela, distrito de Alto Molocué, à reivindicação do partido da oposição de partilha de lugares de comando nas forças de defesa e segurança, como uma das condições para o desmembramento do seu braço militar.
Nyusi declarou que não se pode atrasar o desenvolvimento do país em resultado de um grupo de pessoas exigir lugares de chefia nas forças de defesa e segurança, até porque as vagas são limitadas.
"O Governo não exclui ninguém. Queremos que todos assumam que o executivo é vosso. Vamos trabalhar", afirmou o chefe de Estado, reiterando a sua vontade de dialogar com a Renamo, desde que se respeitem os preceitos constitucionais e a legitimidade do seu executivo.
"É preciso respeitar aquele que ganhou. Fui eleito e sou Presidente de todos os moçambicanos. E vou trabalhar para todos sem nenhum tipo de discriminação. É assim que se faz em democracia", disse Nyusi, pedindo que não tenham medo dele e trabalho em conjunto para a unidade do país.
Moçambique vive uma crise política desde as eleições de 15 de outubro do ano passado, cujos resultados a Renamo não reconhece, exigindo governar nas províncias onde reivindica vitória eleitoral, sob ameaça de tomar o poder pela força.
Uma proposta da Renamo de criação de autarquias à escala provincial foi chumbada no parlamento pela maioria da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), enquanto nas sessões de diálogo de longo prazo as duas partes continuam sem alcançar e entendimento sobre o desamamento do partido da oposição e integração dos seus homens nas forças de defesa e segurança.
Após a presidência aberta à Zambézia, Nyusi segue na sexta-feira para Niassa, onde vai permanecer até segunda.
HB // JMR
Lusa/Fim