Em declarações à agência noticiosa espanhola EFE, o porta-voz da Maioria Presidencial (MP), Alain Atundu Liongo, lembrou que, no acordo assinado em dezembro de 2016 com a oposição, ficou definido que Kabila, no poder desde 2001, respeitará a Constituição.

As declarações do porta-voz da MP surpreendem, uma vez que a decisão de Kabila não participar na votação nunca fora tornada pública no país. Por seu lado, o Presidente, cujo mandato expirou em dezembro de 2016, tem-se mantido em silêncio.

Fontes da MP, citadas pela EFE, indicaram que Kabila, ao aparentemente desistir da corrida presidencial, poderá apresentar um "candidato fantoche" de forma a poder manter-se, indiretamente, no poder, onde se encontra desde 2001, sucedendo ao pai, Laurent Kabila, que morreu nesse ano.

O porta-voz garantiu também que as eleições vão realizar-se "mesmo a 23 de dezembro", apesar dos constantes atrasos, que provocaram protestos generalizados da oposição, uma vez que a votação esteve inicialmente marcada para dezembro de 2016.

"A primeira data importante é 24 de junho, quando tivermos de apresentar os candidatos às eleições provinciais, pelo que é importante respeitar o processo", acrescentou Atundu Liongo.

Embora Governo e oposição tenham assinado em 2016 um acordo para a realização das presidenciais em fins de 2017, depois adiadas para 23 de dezembro deste ano, os contínuos atrasos são vistos pela oposição como uma manobra para Kabila atrasar a saída da Presidência.

Nos últimos meses, têm sido cada vez mais os protestos e mobilizações contra o Governo de Kabila, ações duramente reprimidas pelas forças de segurança e que provocaram dezenas de mortes.

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