Na mensagem, divulgada pela Casa Civil do Presidente da República, João Lourenço refere que esta escolha constitui um "acontecimento transcendente na vida política cubana", onde se processa com "grande maturidade e sabedoria a transição para uma nova geração de líderes".

"Os angolanos têm uma rica história de amizade, cooperação e solidariedade recíproca com Cuba, a qual se deseja que se mantenha e se fortaleça sob sua liderança", refere ainda a missiva do Presidente João Lourenço, enviada a Miguel Díaz-Canel.

Na mensagem, volta a ser assinalado o agradecimento ao "Comandante Fidel Castro", ao "Presidente Raul Castro e ao povo cubano no geral", por terem "apoiado de forma incondicional Angola e os angolanos no momento mais trágico da sua história, quando a sua própria soberania e independência estavam ameaçadas".

Durante a primeira fase da guerra civil em Angola, logo após a proclamação da independência, a 11 de novembro de 1975, milhares de militares cubanos combateram naquele país africano, apoiando as forças do MPLA, contra a guerrilha da UNITA, então apoiada, até ao início da década de 1990, pelas forças sul-africanas.

Ainda hoje, milhares de cubanos trabalham em Angola, como médicos, enfermeiros, professores e outros técnicos, ao abrigo dos acordos de cooperação entre os dois países aliados.

Miguel Mario Díaz-Canel, o número dois do executivo cubano desde 2013, tornou-se hoje o novo Presidente de Cuba, nasceu depois da revolução cubana e é o primeiro mandatário do país em seis décadas que não tem o apelido Castro.

Díaz-Canel, que comemora na sexta-feira os seus 58 anos, recebeu o testemunho entregue por Raúl Castro, que depois de doze anos no poder deixa a Presidência do país em cumprimento da limitação de mandatos para os altos cargos do regime que ele mesmo aprovou em 2013.

Nascido em Villa Clara (Santa Clara, Cuba), a 20 de abril de 1960 - um ano depois do triunfo da revolução liderada por Fidel Castro -, o novo Presidente cubano é um político forjado nas bases do Partido Comunista (PCC), que ascendeu progressivamente e discretamente nas estruturas ao poder até converter-se no número dois do regime.

Este engenheiro eletrónico, graduado em 1982, incorporou-se às forças armadas de Cuba até 1985 e, em abril daquele mesmo ano, tornou-se professor na Universidade Central de Las Villas. Foi neste centro que, dois anos mais tarde e sem abandonar a docência, começou a sua carreira na União de Jovens Comunistas (UJC).

De forma paralela, Díaz-Canel iniciou a sua carreira no Partido Comunista: em 1991 ingressou no Comité Central do Partido, em 1993 assumiu a direção da organização em Villa Clara, sendo posteriormente elevado a secretário provincial entre 1994 e 2003.

O ano de 2003 foi importante para a carreira de Díaz-Canel, pois passou a fazer parte do todo-poderoso bureau político do partido (posto que renovou nos congressos do PCC de 2011 e de 2016); foi eleito deputado da Assembleia Nacional pela circunscrição de Placetas (Villa Clara) e, neste mesmo ano, foi secretário provincial até 2009.

O seu salto para o Governo aconteceu em 2009, quando foi nomeado por Raúl Castro como ministro da Educação Superior.

Três anos mais tarde, a 22 de março de 2012, Raúl Castro nomeou-o para cargo mais alto, o de vice-Presidente do Conselho de Ministros, em substituição do veterano José Ramón Fernández, mais conhecido como "o Galego Fernández".

Mas, a ascensão determinante de Díaz Canel aconteceu depois das eleições de fevereiro de 2013, quando foi designado primeiro vice-Presidente do Conselho de Estado.

PVJ (PCR) // EL

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