O número foi avançado na apresentação do relatório do Estudo sobre a Política Demográfica e representa um aumento de 17%, mais 109.300 pessoas, em relação à atual população calculada em 640.700 no final de março.

Segundo Lau Pun Lap, nos próximos dez anos, a população de Macau -- território com a mais alta densidade populacional do mundo --, vai aumentar a um ritmo muito mais brando do que o registado nos últimos 33 anos, na ordem dos 161,2%.

Assim, até 2020 a população deverá crescer a uma taxa média anual de 1,9%, baixando para 1,1% nos cinco anos seguintes.

"Em 1981, a população de Macau era composta por 248 mil pessoas e no final de 2014 atingiu as 636 mil. Em 33 anos cresceu 1,6 vezes", disse, observando o rápido desenvolvimento económico registado nas últimas décadas e respetiva necessidade de mão-de-obra importada, cujo reflexo se fez sentir no aumento do número de pessoas a viver no território.

Dados divulgados esta semana indicam que Macau superou, em junho, a barreira dos 180 mil trabalhadores não residentes, a maior parte proveniente do interior da China e absorvida por setores relacionados com os casinos -- seja na construção dos mesmos ou na operação dos hotéis e restaurantes --, e representando 44,5% da população ativa.

Lau Pun Lap observou que após a atual fase de expansão do jogo no território -- quase todas as operadoras têm casinos em construção até 2017 -- poderá haver ajustes na necessidade de importação de mão-de-obra.

Na sua perspetiva, o alargamento do horário das fronteiras, nalguns casos estendido até 24 horas, desde outubro do ano passado, "criou melhores condições" para estes trabalhadores viverem no interior da China, permitindo aliviar a pressão em Macau, "incluindo nas rendas das habitações pagas pela classe média".

"Segundo dados estatísticos, 60% desses trabalhadores vivem em Macau, mas antes do funcionamento da fronteira 24 horas viviam 80%. A tendência vai ser reduzir os que vivem na região para 50% ou talvez 40%", afirmou.

Outro incentivo para aligeirar o crescimento populacional, segundo Lau Pun Lap, é a responsabilidade assumida por algumas operadoras de jogo de garantirem o transporte dos seus trabalhadores não residentes entre Macau e a fronteira com a China.

"Temos de ter uma ideia mais inter-regional e não só dentro das fronteiras", frisou.

O mesmo responsável admitiu que o território vai continuar a necessitar de importar mão-de-obra para fazer face às necessidades, seja na indústria do jogo ou noutra emergente, com base na defendida diversificação económica.

"Macau vai ainda depender muito dos trabalhadores não residentes porque não há suficiente população ativa local. Talvez precise de uns 200 mil, mas é difícil dizer se esse número é certo no futuro", apontou.

Não obstante, salientou a necessidade de otimizar o atual mecanismo de saída de trabalhadores não residentes, tal como consta no relatório, onde é sugerido aperfeiçoar o respetivo diploma legal.

"Os trabalhadores não residentes são o último recurso, mas sempre com uma gestão reforçada", disse.

Em paralelo, colocou a tónica na "maximização das potencialidades da mão-de-obra local", através da educação, e do regresso de residentes qualificados atualmente a residir no estrangeiro, tendo sugerido a adoção de medidas para permitir às mulheres conciliarem a carreia e filhos e aos seniores com mais de 55 anos poderem continuar a trabalhar.

Segundo o estudo, em 2025, a população de Macau terá uma esperança média de vida de 84,6 anos e 16,3% dos habitantes terá mais de 65 anos. Já a taxa de fecundidade está estimada em 1,87 crianças por mulher.

O coordenador disse ainda ser "possível" que o território consiga absorver os 750 mil residentes em 2025, se entretanto forem otimizadas áreas como a habitação e trânsito.

Macau tem previsto cinco novos aterros, ainda sem data de conclusão, os quais vão acrescentar 3,5 quilómetros quadrados aos atuais 31,3 quilómetros quadrados.

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