"Não pode haver vitória sem que haja maioria absoluta. Há dois blocos: ou o povo não vota no ADI e entrega o poder à 'troika', ou vota no ADI e o ADI continua a governar. Não é possível estarmos a pensar que existe uma vitória sem maioria absoluta. Sem a maioria absoluta significa derrota do ADI", explicou.

Patrice Trovoada considera 'troika' os três partidos da oposição com assento parlamentar, designadamente o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe-Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), o Partido da Convergência Democrática (PCD) e a União Democrática para Cidadania e Desenvolvimento (UDD), a quem acusa de "estar toda unida".

A ADI completou terça-feira três anos de governação e Patrice Trovoada falava durante o programa '50 minutos' da televisão pública (TVS) em que reconheceu que nesse período de exercício do poder ainda não conseguiu cumprir a maioria das suas promessas eleitorais.

Todavia, reivindica o alargamento na distribuição de energia, agua e reformas institucionais como feitos do seu governo durante os últimos três anos de governação, entre as várias promessas feitas em 2014.

A redução do preço do quilo de arroz para 13 mil dobras (pouco mais de 0,50 euros), acesso gratuito à Internet em todas as capitais distritais, emprego para a juventude, água potável, energia elétrica, constam entre as promessas de campanha de Patrice Trovoada, muitas delas não conseguidas.

Mesmo assim diz que tem "possibilidades objetivas" de ganhar as próximas eleições, sublinhando que "a única vitoria tem que ser maioria absoluta".

Assumindo-se como candidato à sua própria sucessão, Patrice Trovoada manifestou-se disponível a "negociar e fazer uma coligação" para trabalhar em conjunto com "um novo MLSTP, com caras novas, atitudes novas".

Instado a se pronunciar sobre o clima hostil de relacionamento que tem hoje com os ex-presidentes da República Manuel Pinto da Costa e Fradique de Menezes e os ex-primeiros-ministros, Gabriel Costa e Rafael Branco, limitou-se a pedir desculpas públicas a esses responsáveis.

"Se eu ofendi, magoei, fiz pena a alguém, eu peço desculpa. O que é preciso é nós caminharmos, se eu ofendi alguém sem saber, desculpa. Eu não ganho nada em ofender, insultar, magoar e prejudicar pessoas", afirmou, sublinhando ser necessário que "os problemas pessoais não afetem os são-tomenses".

"É muito triste quando um problema pessoal que existe ou não existe prejudica uma nação", acrescentou, lembrando que o povo são-tomense tem sofrido com as desavenças entre os políticos e governantes do arquipélago "desde os anos (19)60".

Nos últimos meses, o primeiro-ministro reforçou a sua segurança pessoal com elementos preparados por instrutores ruandeses e sete deles estão incluídos na sua unidade de escolta.

Confrontado com a pergunta se teme pela sua segurança, Patrice Trovoada respondeu que "não pode deixar de lado a questão de segurança".

"Nós estamos agora a receber são-tomenses crescidos noutros países que cometerem crimes, foram presos, cumpriram a apena e agora são expulsos para São Tomé e Príncipe", justificou.

"Nós estamos a trabalhar no sentido de preparar e de capacitar melhor as forças de defesa e segurança, adaptar as forças de seguranças em função dos novos perigos e trabalhar no sentido das forças de defesa e segurança se tornem cada vez mais republicanas", acrescentou.

Diz que tem um bom relacionamento com todos os representantes dos órgãos de soberania, mas fez grandes elogios ao Presidente da República, Evaristo Carvalho.

Durante uma hora e 34 minutos de entrevista, gravada numa televisão privada (Andim Média) e transmitida na TVS, Patrice Trovoada considerou Evaristo Carvalho como um "homem de grande experiencia, muito tato", manifestando-se "orgulhoso" de o ter na chefia do Estado.

Relativamente ao restabelecimento das relações com a República Popular da China, disse que se tratou corrigir um erro, no interesse de São Tomé e Príncipe.

"Não era justo, não era razoável nós termos uma atitude hostil", justificou.

Patrice Trovoada referiu-se igualmente a cooperação com Portugal sublinhando compreender "as dificuldades" que a antiga potência colonial tem em "desembolsar ajudas já firmadas".

"Portugal, toda a gente sabe, está numa fase de recuperação, Portugal não está bem, está em dificuldade e quando nós temos amigos em dificuldades, nós temos que perceber essa dificuldade em desembolsar a ajuda já firmada", disse Patrice Trovoada.

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Lusa/fim