A conferência de Roma, que decorrerá a 05 e 06 de março próximo, é promovida por várias instituições próximas do Vaticano e pretende assinalar também a audiência que o papa Paulo VI concedeu, a 01 de julho de 1970, aos líderes dos Movimentos de Libertação dos Países Africanos de Língua Portuguesa.

Nesse encontro, Paulo VI recebeu uma delegação chefiada por Amílcar Cabral, então líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e que integrou também Agostinho Neto, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), e Marcelino dos Santos, da Frente de Libertação de Moçambique /(FRELIMO).

O histórico encontro decorreu na vigília da Conferência Internacional de Solidariedade e abriu as portas para a conquista efetiva das independências das antigas colónias portuguesas em África.

O ex-chefe de Estado cabo-verdiano (2001/11), primeiro primeiro-ministro (1975/91) e antigo presidente do PAICV participa no evento enquanto dirigente africano e um dos "mais destacados discípulos" de Amílcar Cabral, lê-se na nota da organização

Pedro Pires é um dos 17 oradores internacionais que vão animar o painel "A Herança do Papa Paulo VI para a Igreja em África - 50 Anos Após o Concílio Vaticano II e 50 Anos Depois da Conquista das Independências dos Países Africanos - Balanço e Perspetivas".

Outro tema a desenvolver pelos conferencistas tem a ver com "Os Países Africanos da Língua Oficial Portuguesa - Entre a Memória e o Futuro".

"Queremos através desta Conferência Internacional prestar uma homenagem à memória do Beato Papa Paulo VI, evidenciando quanto, através do seu profético magistério em tempos tão difíceis da história da humanidade, a Igreja Católica foi capaz de realizar para a causa do continente africano e dos seus povos, e de modo particular para os PALOP", lê-se na nota da organização.

"Vamos interrogar-nos ainda sobre as possibilidades para uma nova releitura dos seus ensinamentos e criatividade pastoral no sentido de constituir uma plataforma importante para uma nova colaboração entre a Igreja Católica e os Estados africanos no novo processo de Renascimento do continente negro", acrescenta-se.

Pedro Pires está atualmente a caminho de Nairobi (Quénia), onde vai participar, enquanto um dos laureados do Prémio Mo Ibrahim, nas reuniões da direção da Fundação, que arrancam sábado.

"É uma oportunidade para tomar conhecimento do programa da Fundação para 2015 e exprimir as nossas opiniões", disse o ex-presidente cabo-verdiano, citado pelo jornal cabo-verdiano A Semana.

JSD // APN

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