Os números apontam para uma descida acentuada no investimento, que no caso de Portugal atinge uma redução de 80% no primeiro semestre face ao período homólogo no ano passado, e uma queda das exportações de 33% nos primeiros seis meses de 2016.

Apesar dos números, Portugal voltará a ter o maior pavilhão da feira, segundo João Macaringue, presidente do Instituto para a Promoção das Exportações de Moçambique (Ipex), entidade organizadora do evento, mas dados da listagem de inscrições a que a Lusa teve acesso indicam uma redução do número de empresas.

Na próxima edição da Facim, que terá a presença do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e do presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Miguel Frasquilho, são esperadas 31 empresas portuguesas, a que se somam duas associações, abaixo das 42 firmas representadas em 2015 e das 50 em 2014.

No ano passado, o pavilhão de Itália recebeu 60 inscrições e foi o maior da exposição, uma posição habitualmente ocupada por Portugal.

Além do Pavilhão de Portugal, dezenas de empresas de capitais portugueses participam em outros espaços de exibição na Facim.

"Não há uma alteração na presença dos nossos expositores mais assíduos, apesar de a Facim se realizar num contexto de várias contingências desfavoráveis", afirmou o presidente do Ipex,

Moçambique vive um período de múltiplas crises, marcadas pelo arrefecimento do crescimento económico, forte desvalorização do metical face ao dólar, descida do preço das matérias-primas e das exportações, subida acentuada da inflação e queda do investimento estrangeiro e da ajuda externa, em resultado do escândalo dos empréstimos ocultados pelo Estado e que fizeram disparar os valores da dívida pública.

O país atravessa ainda uma crise política e militar entre Governo e Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que se agravou nos últimos meses e afeta a circulação de pessoas e bens na região centro.

Como consequência destes efeitos combinados, as intenções de investimento em Moçambique caíram 48% no primeiro semestre de 2016 comparativamente ao mesmo período do ano passado, com Portugal no quinto lugar dos principais investidores, mas com uma queda de 80%, bastante superior à média.

Todas as formas de investimento sofreram descidas acentuadas, com o estrangeiro a baixar 54% e o nacional 56%.

No caso de Portugal, a diminuição foi ainda maior, com 17 projetos aprovados pelo CPI, totalizando apenas 14 milhões de dólares (12 milhões de euros), contra os 34 no mesmo período de 2015, que somavam 70 milhões de dólares (63 milhões euros), uma queda de 80%.

A lista dos principais investidores no primeiro semestre é liderada pela China, com 154 milhões de dólares (138 milhões de euros), quase 60% do total do investimento direto estrangeiro.

Também as exportações de Portugal para Moçambique baixaram de 174 milhões de euros no primeiro semestre de 2015 para 116 milhões nos primeiros seis meses de 2016.

Moçambique era em 2015 o 19.º principal cliente de Portugal, embora com um peso de apenas 0,71% nas exportações totais do país, valores que baixaram substancialmente no primeiro semestre do ano em curso: 26.º lugar na lista e uma fatia de 0,47% do total.

A próxima edição da Facim traz um novo formato na organização do pavilhão de Portugal, que deixa de pertencer à AICEP e passa para a responsabilidade da Fundação AIP.

"O objetivo é melhorar ainda mais as condições de execução do Pavilhão de Portugal, associando a nossa capacidade de fazer feiras, que é o que fazemos todo o ano, em Portugal e no estrangeiro", segundo Jorge Oliveira, diretor da área Feiras, Congressos e Eventos na Fundação AIP.

A Facim decorre até 04 de setembro em Marracuene, nos arredores de Maputo, com a presença prevista de 2.250 empresas moçambicanas e 630 estrangeiras, provenientes de 33 países.

HB (PMA/FPA) // JMR

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