Os 13 deputados do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP) presentes no hemiciclo, e um da União para Cidadania de Desenvolvimento (UDD) votaram contra e os cinco do Partido da Convergência Democrática (PCD) abstiveram-se na votação.

O PCD, numa declaração de voto, acusou o governo de em "três anos de governação não ter conseguido encontrar uma saída para o país" e o líder do partido sublinhou que abstenção é uma forma de "dar o benefício da dúvida ao governo", apesar de tudo.

"O país e o povo encontram-se mergulhados na maior dificuldade de sempre. Foram várias as tentativas de adivinhar o pin e como resultado o país bloqueou", diz o líder da bancada parlamentar do PCD, Danilson Cotu.

Sublinha que "a pobreza aumentou, os impostos e outras taxas aumentaram, o desemprego aumentou, o arroz de 13 contos tornou-se conto, a saúde está nos cuidados intensivos, os agricultores estão cada vez mais jogados a sua sorte".

"A criminalidade tomou conta do país de forma assustadora, assalto à mão armada em forma de gangs já é realidade no nosso país. A promessa de uma pessoa, um emprego e um salário ficou na promessa" referiu.

"Se antes do ADI vencer as eleições de 2014 o país estava a precisar do pin hoje, face a estagnação social, económica e humana que se vive o país está a pedir punk", explica o PCD lembrando que punk tem 12 dígitos, pelo que tudo será mais difícil.

Jorge Amado do Movimento de Libertação de são Tomé e Príncipe (MLSTP) diz que este orçamento "é uma falsidade". "Esperávamos que fosse um orçamento diferente, com perspetivas, que abre esperança para a vida das pessoas".

"O país está cada vez pior e a vida das pessoas não melhora. A economia não cresce, a exportação não cresce, o consumo diminuiu, o investimento diminuiu principalmente o investimento público gerador de emprego", afirma Jorge Amado.

"A dívida externa cresce a cada dia, o país está pior e está inclusive a afugentar os investidores, o país está de tanga", acrescentou.

Para o principal partido da oposição, o governo criou "um ciclo vicioso de empobrecimento das pessoas e do país", concluindo que 2015 a 2017 "foram anos de estagnação do nosso país e este orçamento não nos apresenta soluções".

"O governo mete a mão no bolso das pessoas, retira o último tostão para ver se acerta contas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial", afirmou, acusando que "a corrupção aumenta e o fundo público é desviado todos os dias".

"Este é um orçamento mau e irreal e não serve ao povo de São Tomé e Príncipe. Por isso é que o meu partido vota contra, porque é um veneno para São Tomé e Príncipe", defendeu.

José Manuel Costa Alegre do ADI, que aprovou o documento, afirmou por que turno que as medidas que constam do orçamento retificativo "constituem opções mais acertadas para o país, na conjuntura atual", encorajando o governo "a seguir em frente, com determinação e coragem que o país precisa".

Já o primeiro-ministro Patrice Trovoada acusou a oposição de durante o debate parlamentar se "opor a tudo, não contribuiu pela positiva e tentou alimentar, por vezes o medo e a revolta no seio da população".

Justifica as medidas impopulares do governo com a necessidade de "fazer de tudo para reduzir o défice para níveis aceitáveis pelo FMI e para evitar uma situação mais grave ainda que é o corte dos apoios ao orçamento pela parte do Banco Mundial e da União Europeia devido as imposições do FMI".

"Essa situação traduz o aspeto dramático da nossa dependência ao exterior que abrange não só as nossas necessidades em termos dos recursos públicos e privados para o investimento, mas também a nossa dependência para satisfazer as necessidades correntes e de curto prazo", explicou Patrice Trovoada.

"A preservação do acordo com o FMI foi determinante na escolha que fizemos para evitar dificuldades acrescidas no final do ano", acrescentou, apelando aos parceiros que "continuem a acreditar em nós e na nossa determinação em melhorar o estado das nossas finanças públicas e da nossa economia".

O chefe do governo pediu "a contribuição de todos, realismo, esforço e espírito de responsabilidade".

"Não tenhamos ilusões, ficou aqui bastante claro que não existem alternativas e o momento não é para aventuras ou aventureiros", disse Patrice Trovoada.

"Esse governo jamais irá exigir ao povo sacrifícios impossíveis e que comprometem irreversivelmente o futuro do país e a paz social. Mas que tem que haver sacrifício, tem que haver", garantiu o primeiro-ministro.

O orçamento retificativo segue agora para discussão na especialidade e aprovação final global.

MYB // ANP

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