"O Governo da República do Panamá defende o diálogo para encontrar uma solução pacífica que ponha termo às diferenças entre as Colômbia e a Venezuela em matéria fronteiriça", explica o comunicado do executivo do Panamá, a que a Agência Lusa teve acesso.

O documento, divulgado pelo Ministério de Relações Exteriores do Panamá, explica que a vontade de contribuir para uma solução do diferendo foi "manifestada pela vice-presidente e ministra de Relações Exteriores (panamenha), Isabel de Saint Malo de Alvarado, em conversações com as suas homólogas em Colômbia, Maria Ângela Holguín, e na Venezuela, Delcy Rodríguez, pondo o Panamá à disposição para continuar nessa via".

"É um tema muito sério e que preocupa o Panamá, principalmente pelo bem-estar das pessoas afetadas. O governo do Panamá augura o melhor para ambos países, em benefício dos seus cidadãos e da região latino-americana", conclui.

A 24 de agosto, o Governo venezuelano publicou um decreto oficializando o estado de emergência em seis municípios fronteiriços com a Colômbia, justificando a medida com o combate aos grupos paramilitares, ao narcotráfico e ao contrabando.

O decreto presidencial suspende por 60 dias, prorrogáveis, garantias constitucionais nos municípios de Bolívar, Pedro María Ureña, Junín, Capacho Nuevo, Capacho Viejo e Rafael Urdaneta, do Estado de Táchira.

No texto do decreto, a medida é justificada com "a presença de circunstâncias criminosas e violentas vinculadas a fenómenos como grupos paramilitares, o narcotráfico e o contrabando", ações "que rompem o equilíbrio do direito internacional, a convivência pública quotidiana e a paz", provocando "violência contra cidadãos e funcionários venezuelanos no exercício das suas funções públicas".

Entretanto, a Venezuela encerrou, no sábado, também as fronteiras dos municípios Lobatera, Ayacucho, Garcia de Hevia e Panamericano, no Estado venezuelano de Táchira, a sudoeste de Caracas, ao mesmo tempo que reforçou a presença de militares na zona.

Desde o encerramento da fronteira mais de 1.000 colombianos foram repatriados e mais de 7.000 abandonaram a Venezuela voluntariamente.

O encerramento tem gerado preocupação em organismos internacionais como a União de Nações da América do Sul (Unasul) e a União Europeia.

Por outro lado, a Venezuela exigiu hoje aos Estados Unidos que deixem de interferir nos assuntos bilaterais com a Colômbia, dez dias depois de Caracas decretar o estado de emergência nas localidades fronteiriças.

"Exigimos ao Governo dos EUA que não se intrometa nos assuntos de índole estritamente bilateral entre a Venezuela e a Colômbia. A República Bolivariana da Venezuela condena as declarações do porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, John Kirby, por revelarem uma ingerência nos assuntos internos", escreveu, no Twitter, a ministra venezuelana de Relações Exteriores.

Segundo a ministra "a situação fronteiriça entre a Venezuela e a Colômbia obedece ao 'desdobramento' do Estado colombiano" no combate "ao paramilitarismo e ao narcotráfico", e promove "a instabilidade da economia venezuelana mediante o ataque à moeda, o contrabando de combustível e produtos de diversa índole".

John Kirby divulgou na sexta-feira um comunicado, manifestando a preocupação de Washington pela crise fronteiriça entre ambos países da América do Sul e sublinhando que devem ser atendidas "as necessidades imediatas dos deportados ou deslocados".

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