Caracas, 29 mai (Lusa) - A oposição venezuelana condicionou a possibilidade de um possível diálogo com o Governo do Presidente Nicolás Maduro, à realização de um referendo que revogue o mandado do chefe de Estado.

"Nós queremos diálogo no país, mas todos queremos que exista um diálogo de verdade. Nunca nos iremos negar ao diálogo, mas isso passa por marcar uma data para o referendo revogatório, porque esse processo democrático dará uma solução ao que estamos a viver", disse o ex-candidato presidencial da oposição Henrique Capriles Radonski, que falava sábado aos jornalistas em Guarenas, a leste de Caracas.

"Aqui, ninguém pode negociar algo turvo, porque a política é a arte da negociação transparente. Quando houver uma situação como a que estamos vivendo os venezuelanos atualmente, o Governo deve ouvir e respeitar a palavra do povo e o povo quer (um referendo) revogatório", disse.

Segundo Henrique Capriles Radonski, "a Venezuela está à beira de uma explosão social" que a oposição não quer que aconteça.

"O que queremos é que haja uma saída pacífica, democrática, constitucional e eleitoral. Atualmente, no país, ocorrem 20 saques diários (de estabelecimentos comerciais) e isso não se vê na imprensa. O 'caracazo' (explosão social de 27 de fevereiro de 1989) começou aqui, em Guarenas, e estendeu-se por todo o país, pelas condições económicas da altura, mas hoje as condições são piores", disse.

O dirigente da oposição instou os venezuelanos a "não terem medo da mudança", considerando que há apenas que temer é a "continuação do bloqueio das democráticas" e "o povo continue a passar fome".

Capriles acusou o Governo venezuelano de distanciar-se cada vez mais da Constituição, que é "o único que garante a convivência no país" e em que se estabelecem deveres e direitos dos cidadãos e limites aos poderes do Estado.

No sábado, a União das Nações Sul-Americanas (Unasur), anunciou que, nos últimos dias, ocorreram, na República Dominicana reuniões entre o ex-presidente do Governo de Espanha, José Luís Rodríguez Zapatero, e os antigos chefes de Estado da República Dominicana, Leonel Fernández, e do Panamá, Martin Torrijos, para "iniciar um diálogo" com representantes do Governo da Venezuela e da oposição, representada pela aliança da oposição Mesa de Unidade Democrática (MUD), que detém a maioria no parlamento venezuelano.

Entretanto a MUD divulgou um comunicado explicando que o "referendo revogatório, a liberdade dos presos e exilados políticos, atenção às vítimas da crise humanitária, respeito pela Assembleia Nacional e a Constituição, esse é o diálogo genuíno que o povo da Venezuela está interessado".

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