"Deploramos a decisão de anular a condenação contra os 74 agentes da polícia envolvidos no massacre do Carandiru", afirmou Cécile Pouilly, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos.

Para a mesma responsável, "apesar de o Ministério Público ter anunciado que vai recorrer da decisão, a anulação da sentença, do que é considerado um dos casos mais sérios de violações de direitos humanos no Brasil, transmite uma mensagem preocupante de impunidade".

Neste sentido, a ONU pediu às autoridades para "assegurem que os responsáveis sejam julgados e punidos" e que "garantam os direitos das vítimas e das suas famílias que têm esperado por justiça durante os últimos 24 anos", acrescentou.

Em resposta a um pedido da defesa, que solicitava a anulação do julgamento e a absolvição dos arguidos, na terça-feira a 4.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo determinou apenas a anulação dos júris, logo, os polícias terão direito a um novo júri.

A 02 de outubro de 1992, elementos da força militar foram chamados à Casa de Detenção do Carandiru devido a uma rebelião e, horas mais tarde, foram retirados 111 corpos de detidos do local.

Entre 2013 e 2014, os policias foram julgados em cinco tribunais de júri diferentes e as penas aplicadas variaram de 48 a 624 anos de reclusão.

Como a defesa recorreu da decisão, nenhum agente chegou a ser preso.

O comandante do policiamento metropolitano na altura, coronel Ubiratan Guimarães, chegou a ser condenado em 2001, mas acabou absolvido em instâncias superiores, sendo essa absolvição um dos argumentos usados pela defesa dos agentes.

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