A mensagem à Nação está prevista na Constituição angolana (de 2010), como obrigação do chefe de Estado, e deve acontecer na abertura de cada ano parlamentar, versando "as políticas preconizadas para a resolução dos principais assuntos, promoção do bem-estar dos angolanos e desenvolvimento do país".

Depois de José Eduardo dos Santos ter deixado o poder, ao fim de 38 anos, cabe a João Lourenço, empossado no cargo de chefe de Estado angolano a 26 de setembro, dirigir a sua primeira mensagem à Nação, antecedendo a apresentação pelo Governo, também à Assembleia Nacional, da proposta de lei do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2018.

Aquando da sua tomada de posse, João Lourenço assumiu o compromisso de "tratar dos problemas da nação" ao longo do mandato de cinco anos, com uma "governação inclusiva".

"Neste novo ciclo político que hoje se inicia, legitimado nas urnas, a Constituição será a nossa bússola de orientação e as leis o nosso critério de decisão", apontou João Lourenço.

"O interesse nacional tem de estar acima dos interesses particulares ou de grupo, para que prevaleça a defesa do bem comum", acrescentou.

O discurso sobre o estado da Nação marca o arranque da primeira sessão legislativa da IV legislatura, entre 2017 e 2022, e a cerimónia prevê ainda uma intervenção do presidente da Assembleia Nacional.

No mesmo discurso à nação, feito a 15 de outubro de 2013, o então chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, anunciou o fim da parceria estratégica com Portugal. Agora, numa altura de nova forte tensão entre os dois países, devido aos processos judiciais de Lisboa a figuras do regime angolano, João Lourenço excluiu Portugal da lista de principais parceiros, no seu discurso de tomada de posse, sublinhando que Angola considerará todos que "respeitem" a soberania nacional.

"Angola dará primazia a importantes parceiros, tais como Estados Unidos da América, República Popular da China, a Federação Russa, a República Federativa do Brasil, a índia, o Japão, a Alemanha, a Espanha, a Franca, a Itália, o Reino Unido, a Coreia do Sul e outros parceiros não menos importantes, desde que respeitem a nossa soberania", disse João Lourenço.

No primeiro discurso nas funções, o novo chefe de Estado angolano traçou o objetivo de combater as desigualdades sociais ou a mortalidade infantil, prometendo que os "anseios e expectativas dos cidadãos" vão constar permanentemente da agenda do executivo e que vai regularmente auscultar a população.

Controlar a taxa de inflação - numa altura em que o país permanece mergulhado numa forte crise económica, financeira e cambial - aplicando "regras rígidas" de política cambial e fiscal, com uma atenção virada igualmente à banca para garantir a "credibilidade internacional", foram outras promessas deixadas por João Lourenço.

A economia de Angola terá sofrido uma recessão de 0,7% do Produto Interno Bruto em 2016, segundo a previsão anunciada na terça-feira pelo Fundo Monetário Internacional, que fez ainda uma revisão à previsão de crescimento para este ano, de 1,3% para 1,5%.

A reforma do Estado entra igualmente nas prioridades do novo Governo angolano, para "permitir o desenvolvimento harmonioso sustentável do território e das comunidades", prevendo a "descentralização de poderes, a implementação gradual das autarquias e a municipalização dos serviços em geral".

"A estrutura do executivo será reduzida de modo a garantir a sua funcionalidade sem dispersão de meios e evitando o esbanjamento e o desperdício de recursos que são cada vez mais escassos", apontou ainda Lourenço.

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