"Espero que não haja necessidade de se fazer uma greve geral. Não há condições para se fazer uma greve geral em Cabo Verde", reagiu José Maria Neves à ameaça do presidente da Confederação Cabo-verdiana dos Sindicatos Livres (CCSL), José Manuel Vaz, sem avançar data, como forma de pressionar o Governo a resolver as reivindicações dos trabalhadores.

O chefe do Governo reconheceu as revindicações dos trabalhadores cabo-verdianos, mas considerou que o importante é que haja negociações e cedências de todas as partes.

A CCSL e a União Nacional dos Trabalhadores Cabo-verdianos - Central Sindical (UNTC-CS) organizaram no 1º de maio uma marcha na Cidade da Praia como forma de exigir dignidade, igualdade e justiça social e medidas de combate ao desemprego.

Os sindicatos reivindicam, entre outros pontos melhores salários e reposição do poder de compra para os trabalhadores, mais saúde, educação, segurança, devolução do Imposto Único sobre o Rendimento (IUR), aplicação do estatuto para os quadros especiais, aplicação do salário mínimo nacional e diminuição da idade reforma dos marítimos.

A marcha contou com colaboração e presença de elementos da MAC#114 (Mobilização para Ação Cívica), grupo que organizou em março manifestações em todos os pontos do país contra o aumento salarial dos políticos, e que chamou atenção, sobretudo para a questão da falta de emprego e de justiça social em Cabo Verde.

Em declarações à Lusa no âmbito da Corrida da Liberdade de Imprensa, prova organizada pela Associação Sindical dos Jornalistas Cabo-verdianos (AJOC), José Maria Neves pediu cedências de parte a parte a indicou que o Executivo está a negociar com os parceiros sociais.

"Já temos o acordo para a revisão do Código Laboral, para o subsídio de desemprego, que juntamente com o salário mínimo é um grande ganho para o país, e estamos a negociar os Planos de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para os quadros especiais - professores, diplomatas, pessoal do quadro das finanças e da saúde - e espero que, gradualmente, possamos conseguir os consensos e os entendimentos necessários sobre todas essas matérias", reforçou.

Sobre a adesão dos trabalhadores à marcha/manifestação - foram cerca de 300 pessoas na Cidade da Praia, facto criticado e lamentado pelas centrais sindicais, mas consideraram "heróis" os presentes - José Maria Neves disse que a adesão "não é fraca nem é grande" e deve-se considerar todas as reivindicações dos trabalhadores e dos jovens.

"Eu costumo dizer que mesmo que seja uma pessoa a manifestar-se o Governo deve prestar atenção ao que diz a pessoa. As pessoas saíram à rua e há algumas reivindicações legítimas e o Governo deve estar atento para negociar com os parceiros sociais e à medida das nossas possibilidades buscar soluções para todas as reivindicações", terminou Neves, dizendo que viu a marcha "com muita responsabilidade".

O secretário-geral da UNTC-CS, Júlio Ascensão Silva, garantiu que o 1º de maio vai deixar a ser um dia de festa e passeios para passar a ser uma jornada de reflexão e luta dos trabalhadores cabo-verdianos, pelo que todos os anos o sindicato que dirige vai passar a sair à rua nesse dia.

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