A eleição intercalar realiza-se sete meses antes das eleições autárquicas em todo o país, ou seja, "o tempo é curto para corresponder às expetativas e cumprir as promessas feitas durante a campanha", disse à Lusa, Juma Aiuba, analista político moçambicano, membro da Sala da Paz, plataforma da sociedade civil para a observação eleitoral.

Amisse Cololo, candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder no país desde a independência em 1975, e Paulo Vahanle, pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, disputam hoje a segunda volta da eleição intercalar.

A lei obriga a uma segunda volta sempre que nenhum dos candidatos conseguiu mais de 50% nos resultados da primeira votação, realizada a 24 de janeiro (o vencedor, Cololo, conquistou 44,51% e Vahanle arrecadou 40,32% dos boletins).

Desde o homicídio do anterior autarca, Mahamudo Amurane, em outubro (crime que levou à eleição intercalar), a gestão autárquica de Nampula, no norte do país, caiu na anarquia, referiu Aiúba: há lixo pelas ruas e as finanças, os mercados, o transporte e o comércio, de uma forma geral, estão "desorganizados".

Ou seja, "independentemente de quem vencer esta eleição, terá um presente envenenado", referiu.

Seja como for, o analista acredita que os resultados podem influenciar o comportamento do eleitorado nas eleições municipais de outubro.

"Se a Renamo ganhar em Nampula, vai galvanizar o seu eleitorado nos municípios onde tem maior implantação. Caso a Frelimo ganhe, vai reafirmar a sua história de partido no poder e a sua força em recuperar autarquias onde perdeu", considerou.

Esta pode ainda ser a última votação direta e autónoma para um presidente de município.

O parlamento está a discutir uma proposta do Presidente da República, Filipe Nyusi, para alterar a Constituição e passar a escolher-se cada autarca a partir da lista mais votada para a assembleia municipal.

A proposta faz parte das negociações de paz com Afonso Dhlakama, líder da Renamo, que preveem que o poder central deixe de indicar governadores provinciais e distritais, passando estes a sair das respetivas assembleias eleitas - estendendo-se o procedimento às autarquias.

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