A posição surge na nota oficial do partido no poder em Angola desde 1975, a propósito do 1.º de Maio, admitindo que a queda do preço do petróleo no mercado internacional tem provocado "constrangimentos" na vida dos trabalhadores angolanos.

"Com o objetivo de atenuar tais constrangimentos, o MPLA encoraja o executivo angolano a implementar, com rigor, as medidas que visam a diversificação da economia, aumentando significativamente a produção nacional e as fontes de receitas, para que Angola possa ver reduzido o peso do petróleo no seu Produto Interno Bruto", lê-se na mesma nota, enviada à Lusa.

O partido, liderado por José Eduardo dos Santos, que é também Presidente de Angola desde 1979, advoga a necessidade de o Governo dar "respostas claras às necessidades das populações", nomeadamente "aumentando o investimento público e estimulando o investimento privado nos setores que geram mais empregos e destinando mais recursos para a agricultura familiar".

A Lusa noticiou em março passado que mais de 1,7 milhões de angolanos em idade ativa não tinham emprego em 2014, o equivalente a uma taxa de desemprego de 24,2 por cento, ainda antes da crise da cotação do petróleo que entretanto atingiu o país.

Os números resultam da análise aos dados definitivos do censo da população e da habitação realizado pelo Instituto Nacional de Estatística de Angola (INE) em 2014, tornados públicos a 23 de março.

Por desemprego, o levantamento do INE, o primeiro do género desde a independência do país, em 1975, considera a situação das pessoas com idade igual ou superior a 15 anos que à data do censo (maio de 2014) não tinha trabalho, estando disponível para o fazer, totalizando 1.739.946 pessoas.

O desemprego afetava sobretudo as mulheres, 24,9% do total, enquanto 23,6% dos homens não têm trabalho, enquanto cerca de 35% dos jovens com idades entre os 20 e os 24 anos não tinham emprego.

Angola enfrenta atualmente uma crise financeira e económica decorrente da quebra da cotação do barril de crude no mercado internacional, que só em 2015 fez diminuir para metade as receitas petrolíferas do país, com efeitos em toda a economia e a destruição, segundo os sindicatos, de milhares de empregos em setores como dos petróleos e da construção.

O FMI anunciou a 06 de abril que Angola solicitou um programa de assistência para os próximos três anos, cujos termos foram debatidos nas reuniões de primavera, em Washington, prosseguindo durante uma visita ao país, em maio.

O ministro das Finanças, Armando Manuel, esclareceu entretanto que este pedido será para um Programa de Financiamento Ampliado para apoiar a diversificação económica a médio prazo, negando que se trate de um resgate económico.

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