O presidente da Argélia, Abdelaziz Buteflika, decretou oito dias de luto nacional en homenagem à "memória do defunto líder sarauí" e enviou uma mensagem de condolências ao presidente do parlamento sarauí, Jatri Adduh, que assumiu o poder de forma interina, segundo um comunicado citado pela agência oficial APS.

Histórico dirigente da causa da independência do Saara Ocidental, Mohamed Abdelaziz nasceu na cidade de Smara a 17 de agosto de 1947, parte do então Saara espanhol, e estudou Medicina na Universidade de Marrocos.

Depois de proclamada a RASD, a 27 de fevereiro de 1976, foi eleito a 09 de junho sucessor do primeiro secretário-geral da Frente Polisário e reeleito desde então para o cargo 11 vezes, a última das quais em 2011, durante o XIII congresso da Frente Polisário, realizado em Tinduf.

Ligado à causa da independência sarauí desde jovem, em 1968 fez parte da fundação do Movimento Nacional de Libertação Sarauí, liderado por Mohamed Sidi Brahim Basiri, o primeiro movimento que utilizou a luta armada contra o colonialismo espanhol.

Em 1973, foi um dos fundadores da Frente Popular da Libertação de Saguia El Hamra e Rio de Oro, mais conhecida como Frente Polisário.

Três anos mais tarde, após o abandono espanhol do território, e até 1978, dirigiu uma região militar na guerra contra a ocupação marroquina e mauritana.

Em agosto de 1976, durante o III Congresso da Polisário, Abdelaziz foi eleito secretário-geral do movimento, substituindo Mahfud Ali Beiba, e em 1982 foi eleito presidente da República Árabe Sarauí Democrática (RASD), ocupando desde então ambos os cargos.

Em 1985, foi eleito vice-presidente da Organização para a Unidade Africana (OUA), da qual é membro permanente.

Em finais de 1989, participou nas negociações entre o então secretário-geral da ONU, Javier Pérez de Cuellar, e o presidente da OUA, Kenneth Kaunda, que conduziram a um cessar-fogo na região, a 06 de setembro de 1991.

Visitou Espanha em diversas ocasiões e reuniu-se com altos responsáveis do Governo espanhol.

A 27 de fevereiro de 2006, na celebração do XXX aniversário da autoproclamação da RASD, recordou a responsabilidade espanhola na situação da zona e denunciou a repressão marroquina no "território ocupado".

Mas também foi alvo de críticas por parte da própria Frente Polisário, por não ter efetuado reformas dentro do movimento e pela sua insistência na via diplomática, algo que até à data deu poucos frutos.

Abdelaziz sempre foi contra o terrorismo e insistiu em que a guerra de guerrilha praticada pela Frente Polisário nunca teve na mira alvos civis.

Casado e pai de sete filhos, a sua última aparição pública foi a 04 de março, por ocasião da visita do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, aos acampamentos de Tinduf, na Argélia.

ANC // JMR

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