O trabalho de investigadores dos Institutos de Biologia e de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto D'Or de Pesquisa mostrou que o medicamento protegeu neurosferas, estruturas celulares que reproduzem até 95 por cento o cérebro em formação.

"Os nossos resultados sugerem que a ação da cloroquina contra o zika deve ser imediatamente avaliada in vivo e, se tudo der certo, vai atenuar os danos cerebrais devastadores da síndrome congénita do zika e as lesões neurológicas em adultos", lê-se no artigo publicado na bioRxiv - rede pública de partilha de estudos científicos inéditos.

O diretor do Instituto de Biologia da UFRJ, Rodrigo Brindeiro, citado pelo jornal Estado de São Paulo, destacou que "a grande vantagem nessa corrida contra o vírus é que a cloroquina já é uma droga amplamente usada e não é contraindicada para grávidas".

"A ideia é que a pessoa comece a tomar antes de engravidar como forma de proteger o feto desde o primeiro dia", afirmou.

Segundo o investigador, ainda é preciso fazer testes com animais e humanos e também testar a cloroquina sem minicérebros, estruturas celulares mais complexas do que as neurosferas, que simulam cérebros de fetos de três meses.

Os pesquisadores do Instituto de Biologia da UFRJ também estudam casos em que o vírus é reativado no paciente, após alguns meses.

"Quero alertar para isso porque tem a ver com o agravamento do quadro clínico associado ao zika do ponto de vista neurológico", disse.

No segundo aparecimento dos sintomas, os pacientes têm dor articular mais forte, o que faz com que o diagnóstico se confunda com chikungunya.

"É difícil acreditar em reinfecção porque o vírus é, ao contrário do da dengue, extremamente monótono, e os anticorpos já deveriam estar protegendo a pessoa contra uma nova infeção. Acreditamos que é uma reativação do vírus", adiantou.

Entretanto, o diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Reginaldo Prata, citado pela Agência Câmara Notícias, disse, quinta-feira, que o Brasil deverá ter uma vacina contra o vírus da zika daqui a cinco anos.

Para isso, a pasta tem apoiado o Instituto Butantan e a unidade Bio-manguinhos da Fiocruz no desenvolvimento do medicamento.

O Brasil registou 91.387 casos prováveis de zika em 2016, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados a 26 de abril.

Até 30 de abril, foram confirmados 1.271 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infeção congénita, no Brasil.

Desde 2007 que a infeção com o vírus zika já foi registada em 39 países do mundo.

ANYN//APN

Lusa/Fim