"Se quer que a Uber continue a servir Macau, por favor assine para mostrar o seu apoio hoje", lê-se na petição, divulgada em inglês e chinês.

O fim dos serviços da Uber em Macau não foi, até à data, confirmado pela própria companhia, mas uma alegada carta da empresa enviada à Assembleia Legislativa refere a data de 09 de setembro para o fim das operações no território, após dez meses de "multas pesadas".

Desde que começou a operar em Macau, no final de outubro, a Uber acumulou mais de dez milhões de patacas (um milhão de euros) em multas, segundo valores divulgados pelo governo.

A carta da Uber terá chegado à Assembleia Legislativa após tentativas de contacto falhadas da empresa com o governo de Macau, que por várias ocasiões referiu que o serviço de transporte -- que através de aplicação de telemóvel coloca em contacto passageiros e condutores privados --, "é ilegal".

O protesto de domingo, com partida de uma praça no centro da cidade (Tap Seac) até à sede do governo, é promovido por uma plataforma que inclui a Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau, associação criada pelos deputados pró-democratas Au Kan Sam e Ng Kuok Cheong.

Hoje, em conferência de imprensa sobre a manifestação, Ng Kuok Cheong disse esperar um "protesto pacífico".

Paralelamente às 16.000 assinaturas na petição online, mais de 600 pessoas confirmaram a presença no protesto, através do Facebook, disse Ng Kuok Cheong.

"Em Macau não há muito ativismo, comparando com Hong Kong e outros territórios, mas por vezes há surpresas, por isso não sei muito bem qual será a adesão", disse.

O deputado refere que não teve contacto com a Uber e que a iniciativa não é realizada para apoiar em específico esta empresa, mas que vai ser uma forma de recolher as opiniões dos residentes.

O objetivo é preparar uma proposta que permita a regulamentação deste tipo de serviço de transporte privado, mas nesta fase o deputado não confirma se vai abordar a questão na próxima legislatura, com início em outubro.

"Vamos recolher opiniões e preparar uma proposta que responda aos interesses dos residentes. O governo está a negar-se a fazê-lo, por isso também queremos pedir ao governo para estudar esta matéria", afirmou.

O jornal Macau Daily Times publica hoje uma notícia segundo a qual funcionários de pelo menos três departamentos do governo receberam mensagens instando-os a não assinarem a petição ou participarem na manifestação de domingo, evitando mensagens de apoio público e recorrer ao serviço de transporte.

Na notícia, o jornal afirma ter visto a mensagem, mas não confirma a sua origem, tendo ouvido funcionários públicos que receberam a mensagem e outros que não.

Questionado sobre a alegada mensagem, o gabinete da Secretária para a Administração e Justiça respondeu à Lusa que não tem informações sobre o assunto.

Ng Kuok Cheong disse não ter conhecimento destas mensagens.

"Não acho o governo deva avisar quaisquer funcionários públicos para impedir que manifestem as suas opiniões", afirmou.

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