O primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny, vai pedir o apoio dos seus 26 parceiros europeus a esta possibilidade na reunião que se realiza no sábado para aprovar as diretrizes das negociações de saída do Reino Unido da UE.

"Esperamos que a Irlanda peça a junção às minutas da reunião do Conselho Europeu de uma passagem estipulando que, em caso de reunificação da Irlanda, no âmbito do acordo de paz norte-irlandês, o chamado Acordo de Sexta-Feira Santa [1998], a Irlanda será membro da UE", disse à agência France-Presse fonte do Conselho Europeu.

"Não pensamos que isso vá modificar o 'caderno de encargos' em si, mas que será apenas uma adenda às minutas da reunião", acrescentou a fonte, que pediu anonimato.

A saída do Reino Unido da UE, aprovada no referendo britânico de junho de 2016, fez ressurgir a questão sensível do futuro da Irlanda do Norte e do enquadramento da fronteira com a República da Irlanda.

A UE considera que as questões relativas à Irlanda do Norte devem ser tratadas no âmbito das negociações do 'Brexit'.

Bruxelas assegura, no entanto, que, se for decidido juntar às minutas um "texto Kenny" (em referência ao primeiro-ministro irlandês), isso não altera em nada a situação da Irlanda ou da Irlanda do Norte.

"Iria apenas confirmar uma evidência, a de que uma (eventual) Irlanda unida continuaria a ser membro da União Europeia", segundo a fonte.

Uma outra fonte, citada pela agência EFE, considerou que uma adesão automática de Belfast em caso de reunificação com Dublin não colocaria "nenhuma dificuldade jurídica nem política".

"A UE não toma, naturalmente, posição sobre a possibilidade de uma Irlanda unida. Se essa questão se colocar, caberá aos povos da Irlanda e da Irlanda do Norte pronunciarem-se, em conformidade com o chamado Acordo de Sexta-Feira Santa", acrescentou.

As diretrizes para as negociações do 'Brexit' incluem apenas, até ao momento, uma menção muito geral à Irlanda do Norte, afirmando que "são necessárias soluções flexíveis e imaginativas para evitar uma fronteira rígida" entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte.

MDR // FPA

Lusa/Fim