As evidências que levaram os acusados a serem indiciados foram recolhidas na 23.ª fase e na 26.ª fase da Operação Lava Jato, que investiga os esquemas de corrupção da empresa estatal brasileira Petrobras.

Segundo elementos da investigação, Marcelo Odebrecht teria ordenado pessoalmente que os executivos que gerenciavam ou tinham conhecimento do esquema de pagamento de subornos fossem morar no exterior durante a investigação da Lava Jato.

Laura Tessler, procuradora federal, explicou que a atuação de Marcelo Odebrecht no setor de pagamento de subornos da companhia é bem clara, mas o envolvimento da empresa em corrupção começou muito antes.

"Quando se tornou diretor geral da empresa, Marcelo Odebrecht apenas aprimorou os meios de ocultação da lavagem de dinheiro e de pagamento de propina (subornos) que já existiam", disse.

Esta nova denúncia contra o herdeiro da Odebrecht soma-se a outras já apresentadas. Em março passado, o executivo foi condenado a 19 anos e quatro meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Já sobre o publicitário João Santana, os procuradores alegaram ter indícios de que ele e sua mulher, Mónica Moura, receberam parte de subornos da Odebrecht direcionada ao Partido dos Trabalhadores (PT) pela Keppel Fels, desviada de contratos fechados entre a Petrobras e a Sete Brasil.

Segundo a investigação, João Santana terá recebido três milhões de dólares de 'offshores' da Odebrecht, entre 2012 e 2013, e 4,5 milhões de dólares do engenheiro Zwi Skornicki, representante no Brasil do estaleiro Keppel Fels, entre 2013 e 2014.

Além dos pagamentos no exterior, provas apreendidas indicaram que a empreiteira pagou cerca de 22,5 milhões de reais ao publicitário identificado pelo nome de código "Feira" [João Santana] numa tabela de cálculos, com valores destinados entre outubro de 2014 e maio de 2015.

"Estes valores que eram passados a Monica Moura e João Santana eram contados como uma parcela do suborno que a Odebrecht deveria pagar ao PT", explicou Tessler.

Questionado sobre um anúncio feito pela Odebrecht sobre um possível acordo de "delação premiada" (redução de pena em troca de cooperação) de todos os nomes ligados à empresa investigados na operação Lava Jato no dia em que a 26.ª fase da Lava Jato foi deflagrada, Dallagnol respondeu que não existe negociação de colaboração.

"Não existe acordo com a Odebrecht. Existem outras empresas buscando a delação premiada, mas nós não faremos acordos com todas estas empresas, faremos com mais uma ou duas companhias, para que exista a punição das empresas e de executivos. Queremos que estes crimes sirvam de exemplo", concluiu.

CYR // ARA

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