Numa curta deslocação à capital moçambicana, no âmbito da inauguração da Feira Internacional de Maputo (Facim), Paulo Portas assinalou a subida de onze posições de Moçambique para o 'top 20' dos mercados mais importantes para as exportações portuguesas.

"Há quatro anos, Portugal exportava 150 milhões de euros em bens, no ano passado, exportámos 320 milhões. Há quatro anos, exportávamos 60 milhões em serviços, no ano passado, exportámos 160 milhões", salientou o número dois do Governo, que hoje se avistou com o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, no maior acontecimento empresarial do país.

Portas disse também que a subida de 20% das exportações para Moçambique no primeiro semestre leva-o a acreditar que, no final do ano, será atingido um valor recorde de 500 milhões de euros e que o aumento das trocas comerciais nos dois sentidos traduz que "o relacionamento é bom e as perspetivas são melhores".

Segundo o vice-primeiro-ministro, há cerca de 3 mil empresas portuguesas a trabalhar este mercado, "o que dá noção da importância e do potencial para se fazer aqui comércio, parcerias e estar aberto à participação de empresas moçambicanas".

Portugal, lembrou ainda, é um dos principais investidores estrangeiros em Moçambique e o que mais emprego cria por cada milhão de dólares investidos.

"Isto significa que é um investimento que conhece melhor o país, que é de longo-prazo - não é apenas comprar e vender, é ficar e partilhar -, e essa atitude é uma grande vantagem competitiva neste mercado", comentou.

Paulo Portas encontrou-se com Filipe Nyusi, instantes após a visita do Presidente moçambicano ao pavilhão de Portugal, com 42 "stands", abaixo dos 50 representados em 2014, embora a participação portuguesa noutros espaços da feira ascenda a algumas dezenas.

"Abordámos tudo o que tem a ver com a paz, o crescimento económico, o relacionamento económico com Moçambique, sempre na perspetiva pragmática, e construindo um dia seguinte melhor", descreveu, evitando entrar em detalhes sobre a conversa com Nyusi, com quem diz ter uma excelente relação pessoal.

Apesar das perspetivas manifestadas pelo governante português, Moçambique vive momentos de incerteza, traduzidas pela instabilidade política e militar com a oposição da Renamo, além da descida da cotação das matérias-primas, atrasos no arranque dos megaprojetos de gás natural e problemas no setor do carvão, além de uma depreciação do metical.

"As alterações económicas do tipo conjuntural não afetam neste momento o relacionamento entre Portugal e Moçambique", observou Paulo Portas, para quem "nenhum país que passou por uma guerra quer lá voltar".

O vice-primeiro-ministro disse que "a paz traz dividendos, confiança, investimento e oportunidades" e que Portugal "acredita na maturidade da sociedade moçambicana" e neste mercado como destino de investimento.

"Moçambique, com estabilidade política e segurança jurídica, pode ser uma das histórias de maior sucesso de África no seculo XXI", afirmou.

A 51.ª edição da Facim, que se prolonga até 06 de setembro, decorre no ano em que Moçambique celebra 40 anos de independência e no início do mandato presidencial de Filipe Nyusi, que aposta na diversificação do tecido económico moçambicano e na transformação dos produtos locais por via da industrialização.

Até ao fim da semana passada, havia 2.950 inscrições de 31 países, um número ainda abaixo dos 3.145 com que a Facim finalizou a edição de 2014.

Paulo Portas, que regressa a Lisboa na terça-feira de manhã, esteve hoje acompanhado pelo secretário de Estado do Investimento, Inovação e Competitividade, Pedro Gonçalves, e pelo presidente da AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), Miguel Frasquilho.

Na terça-feira, assinala-se o Dia de Portugal na Facim.

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Lusa/fim