O otimismo em relação à competitividade do gás natural descoberto em Moçambique foi manifestado à Lusa à margem da Conferência Internacional sobre Gás, que decorre na capital moçambicana, Maputo.

Alguns mercados de energia, como o norte-americano, estão a sofrer uma transformação radical devido ao desenvolvimento de novas tecnologias, sobretudo a extração de gás de xisto através de um processo controverso conhecido como "fratura hidráulica" ("fracking"), que foi limitado ou banido em alguns países, devido ao alegado efeito pernicioso ao ambiente.

"Se nós conseguirmos iniciar o projeto em 2018, como se pretende, vamos aproveitar esta oportunidade e o gás do xisto não vai ter impacto. Se existir atraso no desenvolvimento do projeto obviamente que vamos começar a ter algumas implicações negativas porque vai passar a estar no mercado algum gás competitivo em relação ao que poderemos produzir em Moçambique", disse à Lusa o presidente da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, Nelson Ocuane.

Recentemente, a norte-americana Anadarko Petroleum elevou para o dobro (30 triliões de pés cúbicos de gás natural) as estimativas sobre as reservas de gás em prospeção no norte de Moçambique, afirmando tratar-se de uma das mais importantes descobertas de gás nos últimos dez anos.

Falando hoje à Lusa, o presidente da Galp Energia, Manuel Ferreira de Oliveira, reconheceu que o gás de xisto "é uma fonte de energia já indiscutível para o mundo".

Mas considerou "que não vai haver concorrência (com Gás Natural Liquefeito (LNG), porque se o gás do xisto cresce, segundo as expectativas mais otimistas dos países que detêm esta reserva, esta quantidade de gás vai essencialmente concorrer com o carvão na zona onde ele é produzido".

Segundo o presidente da Galp Energia, o carvão é, de todos os combustíveis fósseis, aquele que mais emite o dióxido de carbono (CO2), e que a China, os Estados Unidos da América até Europa estão preocupados com o nível de emissões do CO2..

"Eu julgo que há mercado para o carvão e o gás moçambicanos. Depois, o valor do carvão e do gás depende muito da competitividade internacional para os dois projetos", acrescentou.

Contudo, o vice-presidente de Marketing da norte-americana Anadarko Petroleum, Steve Hoyle, defendeu à Lusa que o gás de xisto, que se forma no subsolo em formações de argila xistosa, "terá algum impacto porque vão colocar volumes adicionais e o mercado será mais competitivo do que seria".

"É muito importante para nós garantirmos clientes de longo prazo e garantirmos que os custos são mantidos a níveis sustentáveis, porque LNG poderá diminuir de preço e se os projetos estiverem altos, os custos de operação poderão não sobreviver", disse Steve Hoyle.

MMT // PJA

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