Cerca de 70 pessoas, familiares dos falecidos, deslocaram-se ao edifício dos serviços de medicina legal em Morelia, capital do estado de Michoacan. Muitos deles questionaram a violência utilizada pelas forças federais que causaram a morte dos 42 indivíduos. O secretário do Sistema Nacional de Segurança Pública do México, Monte Alejandro Rubido, já tinha confirmado a morte de 43 pessoas, incluindo um polícia, num confronto com alegados criminosos no município de Tanhuato, no Estado de Michoacan.

Rubido disse que os confrontos ocorreram na sexta-feira, depois de um grupo criminoso ter invadido uma propriedade rural.

Segundo Rubido, os criminosos pertencem ao cartel Nova Geração, que detém o controlo da violência no ocidental Estado de Jalisco, vizinho do Michoacan.

Em 2013, os agricultores formaram grupos de vigilantes em Michoacan para expulsarem o cartel de traficantes designado Cavaleiros Templários, que tem sido enfraquecido com detenções dos seus principais líderes.

"Isto não foi um confronto, foi um massacre", disse Victor Hugo Reynoso, cujo irmão Luis Alberto estava entre os mortos na sexta-feira quando as forças federais dispararam contra os suspeitos num rancho perto da fronteira do estado de Jalisco.

A comissão de segurança nacional diz que a formação e o equipamento superior das forças federais, incluindo o uso de um helicóptero, explicam o número de mortos muito maior entre os suspeitos do que entre os polícias.

Especialistas em segurança têm manifestado dúvidas, notando que havia menos armas apreendidas - 40 - do que os homens que foram mortos e detidos. Além dos 42 mortos, três foram presos.

Funcionários governamentais indicaram que os homens mortos eram membros do cartel de drogas Jalisco Nova Geração, um gangue que tem desafiado as autoridades, matando 28 policiais e soldados desde março.

A maioria das famílias oriundas de Ocotlan, em Jalisco, disse que muitos dos homens que foram mortos eram agricultores que tinham ido para Michoacan para encontrar trabalho.

Mas outros reconheceram que não sabiam que tipo de trabalho é que os homens tinham.

Erika Eunice Hurtado disse que viu imagens do seu irmão morto na televisão.

"A verdade é que eu não sei o que é que ele estava fazendo lá", disse ela.

Hurtado observou que viu fotos que mostravam alguns dos homens mortos num campo, sem camisas ou sapatos, com espingardas ao seu lado.

"Não há nenhuma indicação de que foi um confronto porque as armas estão todas colocados na mesma posição", disse ela, também considerando ter havido um "massacre".

Alguns familiares queixaram-se da dimensão do edifício da medicina legal, que só teria espaço para 11 corpos. Pelo menos 10 corpos foram levados para fora do edifício e colocados dentro de veículos funerários.

"O governo cometeu um erro agindo desta forma, surpreendendo-os assim com armas, enquanto eles estavam dormindo, em vez de prendê-los como a lei exige", disse o homem, que recusou identificar-se.

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