A informação foi prestada pelo ativista Raul Tati, pouco depois de visitar José Mavungo e Arão Tempo no estabelecimento prisional de Cabinda, onde se encontram detidos, preventivamente, desde 14 de março, dia em que estava prevista, naquela província, uma manifestação em defesa dos direitos humanos.

"Tudo indica que a prisão preventiva será prorrogada, mas só na segunda-feira saberemos, pelo despacho do procurador. Só nos dizem que o processo está na procuradoria, mas têm de dizer alguma coisa, porque o prazo acaba no domingo e eles ainda nem foram ouvidos, nem sabem de que estão acusados, além de coisas vagas", disse Raul Tati.

José Marcos Mavungo, de 52 anos, ativista dos direitos humanos, e Arão Bula Tempo, de 56 anos, advogado e presidente do Conselho Provincial de Cabinda da Ordem dos Advogados de Angola, estão indiciados, mas ainda sem acusação formal, por alegados crimes contra a segurança do Estado.

No dia em que foram detidos, estava prevista uma marcha de protesto contra a má governação de Cabinda e a violação dos direitos humanos na província - que acabou por não se realizar -, na organização da qual estariam envolvidos.

"Hoje saí da cadeia, muito preocupado. Eles estão muito em baixo, desmoralizados e desanimados, porque o tempo vai passando e continuam detidos, sem saberem porquê, ninguém define em que ponto está o processo. É tudo muito vago, mas oxalá que os ponham em liberdade na segunda-feira", disse Raul Tati.

Os dois homens já tiveram de ser assistidos num hospital local, por complicações de saúde, mas regressaram entretanto ao estabelecimento prisional, enquanto aguardam o desfecho da investigação em curso.

"Estão muito magros, pálidos, com muitos problemas. Sofrem tortura psicológica e as limitações que enfrentam são cada vez maiores. É preocupante", rematou aquele ativista dos direitos humanos, antigo sacerdote de Cabinda.

PVJ // MAG

Lusa/Fim